Dormir abraçadinho

Gosto de dormir abraçadinho. Mas quem não gosta? Por mais inacreditável que seja aos carinhosos e carentes de plantão, existe sim gente que não gosta.

Tem gente de se sente sufocado com muito carinho. Se sente cobrado, vigiado. Já o carinhoso, quando não tem o seu gesto imediatamente correspondido, se sente desprezado. As diferentes formas de manifestar (ou não) o amor causam muitos problemas mesmo.

Eu gosto de ter alguém em quem pensar, a quem cuidar e me dedicar. Gosto que esse alguém cuide de mim, pense em mim, me queira. Gosto de ter alguém para dormir abraçadinho.

Dormir abraçadinho não é passar a noite inteira envolto em dois braços. Ou então, um desses braços teria formigamento... Na prática, seria muito difícil passar a noite inteira na mesma posição, com quatro braços abraçados.

Até o amanhecer a posição muda mesmo, dormindo ou consciente, não tem jeito. Mas mesmo mudando, os corpos continuam se tocando, se sentindo, se aquecendo. Isto é que é dormir abraçadinho.

Quem dorme abraçadinho, dorme tranquilo e feliz, em segurança. Não tem insônia. Se tem insônia, é porque os braços presentes não estão atendendo ao carinho desejado e assim sente vontade de abandonar o abraço. Quem tem insônia não fica na cama, não se sente acolhido pelo abraço.

Por isso, dormir abraçadinho é simplesmente sentir a felicidade do abraço da pessoa amada a noite inteira. Pode ser um único braço sobre o peito, uma única mão segurando um braço, um simples toque pele na pele. Sentir o cheirinho da pele, o calor do corpo, o som do coração, a presença do amor ao lado.

Dormir abraçadinho é sonhar com alguém, tendo esse alguém ao nosso lado ao amanhecer. Depois dos prazeres noturnos, é abrir os olhos e ver que “o momento ainda não passou” e que o que aconteceu não foi “apenas uma noite e nada mais”.

(Catalão, 04/09/2009)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 10/09/2009
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