ERA UMA VEZ!
UMA CRÔNICA DE SAPO E PRÍNCIPE.
Era uma vez! Era uma vez um sapo que queria ser príncipe.
E no mundo da sapolândia, nada lhe tirou esta idéia da sua cabeça de sapo. Era sua vez, pensava. Ele queria ser príncipe. Queria, e sonhava, acordado, a todo instante. Perdeu todos os outros momentos, só viveu aquele.
Quem sabe, talvez, o sapo era, realmente, foi, alguma vez na vida, um príncipe; se já foi, não é mais.
Ele quer ser um príncipe. O sapo é o príncipe no seu pensamento de sapo que sonha tanto em ser príncipe. Ele é o príncipe, pensa, sempre. Será? O príncipe é ele, só ele!
Era uma vez, só uma vez, acredita-se, no reino encantado, num grande castelo, imagina-se, a realeza reuniu-se para decidir se o sapo era um príncipe ou se o príncipe era um sapo. Realeza que se preza tem príncipe e detesta sapo.
O príncipe era o centro das atenções ou era o sapo?
O sapo já estava se achando o tal, de alguma forma, era o centro das atenções, quiçá um príncipe.
O príncipe era ele, tinha certeza.
O príncipe já existia, depois veio o sapo, ou veio o sapo, depois o príncipe?
No castelo, a realeza em transe, sarcástica, em polvorosa, uma algazarra só, só sapo, só príncipe.
Era uma vez, mais uma vez, não teve final feliz, só sapo, sem príncipe.