INFERNO ASTRAL
Inferno Astral não deveria ser alguma coisa tenebrosa, com jeito de inferno bíblico? Talvez um tempo triste, horripilante e dolorido... Sei lá... Não entendo nada de Astrologia, minha única certeza é que sou virginiana e que estou no inferno por alguns dias. Creio que isto deve ser terrivelmente importante, pois é noticia de jornal. Aquele mesmo jornal que publica um horóscopo para o qual lanço um olharzinho de quem não quer nada, bem dissimulado... Mas que leio, leio! E todo o santo dia! Nem sei por que, já que só acredito quando a previsão é de tudo azul-bebê.
Pois é, estou no inferno... O pior de tudo é que não o conheço, algumas vezes já passei pelo hall de entrada, mas nunca tive tempo de ir adiante. Confesso que agora tenho tempo e que estou curiosa, pois, inadvertidamente, sinto-me no paraíso. Não é bom fazer aniversário? Contabilizar um aninho a mais? Ah! Não acho bom, não... Eu acho é ótimo!
Talvez eu não seja um bom parâmetro, mas o fato é que a maturidade
trouxe-me tantas dádivas. Não nego que trouxe também aquele kitzinho peculiar e indesejável, contendo algumas ruguinhas, uns poucos fiozinhos de cabelos mais clarinhos, etc. e tal... E não me peçam para descrever o etc. e tal! Isso sim seria o inferno! Esqueça definitivamente o kit, eu já esqueci.
Não quero repetir frases feitas e batidas, mas de fato sinto-me muito bem. Talvez porque ainda não sinta os “dodóis” da idade, talvez porque pareço mais jovem ou menos velha do que realmente sou, pelo menos na ótica da minha mãe, que merece tanto crédito quanto as demais mães. Talvez porque já tenho menos responsabilidades e compromissos e, consequentemente, muito mais tempo para fazer o que gosto, quando e como gosto.
Ninguém passa ileso pela vida e comigo não foi diferente, minha bagagem é bem variada, muitas vivências boas, outras nem tanto e algumas bem difíceis. Com toda certeza, as difíceis ensinaram-me a aproveitar a vida com mais intensidade, a valorizar pequenas conquistas, a nunca perder a oportunidade de boas risadas e principalmente a minimizar, tanto quanto possível, os problemas, dificuldades, adversidades.
Sem dúvida, sou outra pessoa. É claro que tenho saudade das minhas lindas pernas de ontem, no entanto não tenho a menor saudade da minha cabecinha complicada e dura. Água mole em cabeça/pedra dura, tanto bate até que fura? Não, não é uma verdade absoluta. Não era mole e não furou, ficou flexível, o que não deixa de ser um grande facilitador.
Outra conquista significativa foi aprender a racionalizar o medo. Nesta particularidade ainda estou em dúvida, não sei se meus medos me abandonaram, ou eu os abandonei, o fato é que estamos destemidamente afastados.
Aos 18, 25 ou 30 anos eu não publicaria nem uma única e inocente frase, por medo não sei de que, por que os dicionários já eram meus velhos amigos. Falar em público era causa de gastrenterites perversas, que me conferiam um tom esverdeado no rosto e belas olheiras violáceas. Juro que tinha medo que me confundissem com um ET e que isto fosse um bom motivo para uma demissão por justa causa. Eu tinha medo de perder o emprego, medo de falar e de calar, de errar, acertar, medo de viver e de morrer etc. etc. Hoje o pior medo que tenho é o de sentir medo. E ando desavergonhada também, o que me faz muito bem.
Não tenho mais vergonha de dizer não, não sei, não gosto, não posso, não quero, ou quero, gosto, posso, errei.Não nego que a vida tem sido generosa comigo, especialmente nesta fase pós meio século. Ou talvez sempre tenha sido e eu é que não tive condições de perceber... Sei lá... Não sei e também não me detenho neste detalhe, tenho pressa de viver. Não me interessa mais quem nasceu primeiro, se a galinha ou o ovo, basta-me a omelete e o frango assado.
Deixando as delícias de lado, vamos ao lado sórdido da questão: Fiquei egoísta! Eu, sempre eu em primeiro lugar, com raríssimas e, para mim, bem justificadas exceções.
Faço o que me faz bem, vivo como gosto, amo e mimo a quem eu quero... Todas são conquistas da minha maturidade, como posso temer mais um ano? Que venham todos os infernos astrais, os consequentes anos a mais, desde que acrescidos de saúde e qualidade de vida.
Por ora, para mim, o inferno é paraíso!
Inferno Astral não deveria ser alguma coisa tenebrosa, com jeito de inferno bíblico? Talvez um tempo triste, horripilante e dolorido... Sei lá... Não entendo nada de Astrologia, minha única certeza é que sou virginiana e que estou no inferno por alguns dias. Creio que isto deve ser terrivelmente importante, pois é noticia de jornal. Aquele mesmo jornal que publica um horóscopo para o qual lanço um olharzinho de quem não quer nada, bem dissimulado... Mas que leio, leio! E todo o santo dia! Nem sei por que, já que só acredito quando a previsão é de tudo azul-bebê.
Pois é, estou no inferno... O pior de tudo é que não o conheço, algumas vezes já passei pelo hall de entrada, mas nunca tive tempo de ir adiante. Confesso que agora tenho tempo e que estou curiosa, pois, inadvertidamente, sinto-me no paraíso. Não é bom fazer aniversário? Contabilizar um aninho a mais? Ah! Não acho bom, não... Eu acho é ótimo!
Talvez eu não seja um bom parâmetro, mas o fato é que a maturidade
trouxe-me tantas dádivas. Não nego que trouxe também aquele kitzinho peculiar e indesejável, contendo algumas ruguinhas, uns poucos fiozinhos de cabelos mais clarinhos, etc. e tal... E não me peçam para descrever o etc. e tal! Isso sim seria o inferno! Esqueça definitivamente o kit, eu já esqueci.
Não quero repetir frases feitas e batidas, mas de fato sinto-me muito bem. Talvez porque ainda não sinta os “dodóis” da idade, talvez porque pareço mais jovem ou menos velha do que realmente sou, pelo menos na ótica da minha mãe, que merece tanto crédito quanto as demais mães. Talvez porque já tenho menos responsabilidades e compromissos e, consequentemente, muito mais tempo para fazer o que gosto, quando e como gosto.
Ninguém passa ileso pela vida e comigo não foi diferente, minha bagagem é bem variada, muitas vivências boas, outras nem tanto e algumas bem difíceis. Com toda certeza, as difíceis ensinaram-me a aproveitar a vida com mais intensidade, a valorizar pequenas conquistas, a nunca perder a oportunidade de boas risadas e principalmente a minimizar, tanto quanto possível, os problemas, dificuldades, adversidades.
Sem dúvida, sou outra pessoa. É claro que tenho saudade das minhas lindas pernas de ontem, no entanto não tenho a menor saudade da minha cabecinha complicada e dura. Água mole em cabeça/pedra dura, tanto bate até que fura? Não, não é uma verdade absoluta. Não era mole e não furou, ficou flexível, o que não deixa de ser um grande facilitador.
Outra conquista significativa foi aprender a racionalizar o medo. Nesta particularidade ainda estou em dúvida, não sei se meus medos me abandonaram, ou eu os abandonei, o fato é que estamos destemidamente afastados.
Aos 18, 25 ou 30 anos eu não publicaria nem uma única e inocente frase, por medo não sei de que, por que os dicionários já eram meus velhos amigos. Falar em público era causa de gastrenterites perversas, que me conferiam um tom esverdeado no rosto e belas olheiras violáceas. Juro que tinha medo que me confundissem com um ET e que isto fosse um bom motivo para uma demissão por justa causa. Eu tinha medo de perder o emprego, medo de falar e de calar, de errar, acertar, medo de viver e de morrer etc. etc. Hoje o pior medo que tenho é o de sentir medo. E ando desavergonhada também, o que me faz muito bem.
Não tenho mais vergonha de dizer não, não sei, não gosto, não posso, não quero, ou quero, gosto, posso, errei.Não nego que a vida tem sido generosa comigo, especialmente nesta fase pós meio século. Ou talvez sempre tenha sido e eu é que não tive condições de perceber... Sei lá... Não sei e também não me detenho neste detalhe, tenho pressa de viver. Não me interessa mais quem nasceu primeiro, se a galinha ou o ovo, basta-me a omelete e o frango assado.
Deixando as delícias de lado, vamos ao lado sórdido da questão: Fiquei egoísta! Eu, sempre eu em primeiro lugar, com raríssimas e, para mim, bem justificadas exceções.
Faço o que me faz bem, vivo como gosto, amo e mimo a quem eu quero... Todas são conquistas da minha maturidade, como posso temer mais um ano? Que venham todos os infernos astrais, os consequentes anos a mais, desde que acrescidos de saúde e qualidade de vida.
Por ora, para mim, o inferno é paraíso!