Vamos falar de coisas ruins
VAMOS FALAR DE COISAS RUINS
(crônica publicada no jornal "Diário Catarinense" de 09.09.2009)
Fique, pois, ciente o distinto leitor, a elegante leitora, que a conversa deste dia todo igual, 09.09.09, não será nada agradável.
1. Celso Vicenzi me desmente. Um dos nossos melhores jornalistas, companhia de incontáveis almoços no finado Bavarois, do Paulo, espírito inquieto e atento, ele refuta, referindo-se à Ilha do Arvoredo: "Sinto muito informá-lo, mas a nossa 'modesta Galápagos' recebe pescadores e turistas que pescam por esporte diariamente. Estive lá recentemente, pernoitando com uma equipe de biólogos numa missão que você ficará conhecendo em breve, e tinha uns 6 barcos de pesca. Fui informado que houve um acordo com as autoridades e a parte da Ilha voltada para o Continente ficou liberada para a pesca. Mas como quase nunca aparecem fiscais por lá, imagine o que acontece, principalmente durante a noite? Pesca-se livremente nos dois lados da Ilha. Infelizmente."
2. Hamilton Alves, escritor e dileto amigo que, sem obrigação nem necessidade de fazê-lo, não deixa de comentar um texto sequer aqui publicado, também aborda coisas tristes: "Trazes à baila em tua crônica, embora sem colocar o tema em discussão, duas questões que dizem respeito à honra e à história de nossa capital - Florianópolis. Além de ser um nome horrível por sua sonoridade feia, premia um homem que foi um carrasco para tanta gente que foi vítima de uma palhaçada golpista, sem pé nem cabeça, sacrificando-se duzentas ou mais preciosas vidas de ilhéus, até de pessoas de ilustres famílias. (...) Quanto à mudança de Ganchos para Celso Ramos, por maior seja minha admiração pelo operoso governo de Celso, a mudança foi simplesmente desastrosa quanto à beleza e propriedade dos nomes trocados. Ganchos era um nome tradicional e, sem dúvida, muito mais bonito."
3. Do WWF - World Wildlife Fund vem a reiteração de um velho alerta: "O nível do mar pode aumentar mais de um metro até 2100 com o derretimento do gelo do Ártico, causando a inundação de regiões costeiras e afetando potencialmente um quarto da população mundial." O problema é que muita gente acha que isso vai acontecer como o prazo de validade dos alimentos: perfeita até as 23h59 da data limite, a comida tem que ser posta no lixo, trancando-se o nariz para fugir ao fedor da podridão, à 00h01. Como até a meia-noite de 31.12.99 poucos de nós restaremos por aqui...
(Amilcar Neves é escritor de ficção e autor, entre outros, do livro "Pai sem Computador", novela juvenil, Atual Editora, São Paulo, com a 7ª edição a sair em breve pela TECC Editora, João Pessoa)