O LENCINHO - Uma lição de amor

Era julho de 2.002. A copa do mundo já havia começado. A novela global lançava mais uma moda: lencinhos amarrados na cabeça.

Maria Clara, minha filha caçula, com seis anos, lutava contra um linfoma que colocava sua vida sob um fio de navalha.

Devido à quimioterapia seus cabelos haviam caído e ela estava carequinha. Naquele fim de semana haveria uma festinha de aniversário de uma das suas coleguinhas e ela foi convidada. Priscila, uma de suas irmãs, preocupada com o impacto que as amiguinhas teriam com a presença da Maria, trouxe-lhe vários lencinhos de cabeça de presente.

A Maria logo perguntou:

- Tata, o que é isso?

- São lencinhos pra colocar na cabeça. É a última moda, sabia?! Todo mundo tá usando, e você vai ficar linda com eles!

A Priscila colocou um lencinho na cabeça da Maria Clara, amarrou e fez muitos elogios:

-Ficou lindo! Vai fazer o maior sucesso.

A Maria ficou toda faceira. Olhou no espelho, virou pra cá e pra lá e falou:

-Tata, quem gosta de mim, vai gostar de mim de qualquer jeito. Eu não quero usar nada na cabeça. Tô legal assim.

Naquele dia ela foi à festinha com o lenço que a irmã lhe dera. No entanto, chegou em casa sem ele. Nunca mais o usou.

Sempre me recordo daquele dia e da lição que aprendi com ele.

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