E onde foi que deixou as flores?

Eu estou com a terrível sensação de que o grande escritor da minha história errou de livro e colocou minhas flores azuis na história de outra pessoa. Imagino que a tinta das minhas ilustrações deve ter acabado porque tenho enxergado as coisas tão “em preto e branco”. Estava tudo indo bem até eu pisar naquela casca de banana. É! Rs..realmente o escritor me sacaneou. Trocar as flores azuis por casca de banana não foi nada legal ein. Às vezes eu me sinto tão cansada de viver nas linhas desse livro que estico meu pescoço pra ver se consigo enxergar o final, mas percebo que há ainda muitas páginas a serem escritas. Isso me amedronta de tal modo que sinto um arrepio assustador na minha espinha dorsal. Por que será que é bem mais fácil acreditar nas coisas que a gente quer que aconteça? Há tempos não me surgiam perguntas sem respostas. Tenho a impressão que segui meu coração e mesmo assim entrei na estrada errada. E voltar atrás é sempre mais doloroso do que dúvida. Pensei até em parar de escrever, afinal minha inspiração anda melancólica demais e esses textos cansam. Mas nem o diálogo entre meus dedos e o teclado do meu computador pode ser inteiramente franco. Ninguém precisa ter conhecimento das minhas conquistas e derrotas.

O que eu queria agora era poder trocar de lugar com a pessoa do espelho. Ela sempre diz que me ama, mas nestes dias do preto e branco anda calada feito um vidro comum. Queria ter a mesma sensação que ela: de que a minha história terá o rumo que eu quiser... que se eu quiser ver flores azuis, então eu vou ver as flores azuis... mas eu não consigo atravessar o espelho sem provocar alguns cortes no meu corpo. E por mais, que as feridas sequem, ficam as cicatrizes. Então todas as manhãs, eu tenho olhado diretamente pro meu espelho e digo: “Você é formidável!” pra ver se assim eu tenho mais ânimo de sair do quarto e dar continuidade a mais um capítulo.