um pouco de patriotismo afinal

Dia sete de setembro de 2009. Quando acordo de manhã não me vem na cabeça nenhum pensamento cívico. Aliás, acordo tarde e com preguiça, afinal é feriado. Quando vejo finalmente o noticiário na tv sobre desfiles de militares tomo consciência do que a data deveria representar.

Acho que o Brasil (entendendo o Brasil como pátria e não estado) sofreu dois duros golpes na sua história recente que fez com que essa data perdesse o seu real significado. O primeiro foi a ditadura militar. Nossos "queridos" generais não tiveram nenhum pudor em se apossar dos nossos símbolos cívicos como se fossem seus, usufruindo deles com seu autoritarismo peculiar, fazendo o povo se confundir e não conseguir diferenciar pátria de governo. Quem tem mais de quarenta deve se lembrar de como era tentadora a idéia de avacalhar com o hino nacional no pátio do colégio nessa época do ano.

O segundo golpe foi dado pelos inimigos da ditadura, os Libertários. Se os vilões da ditadura fizeram o povo fazer confusão entre pátria e governo, os libertários não fizeram absolutamente nada para desfazer a confusão. Muito pelo contrário, até a usam para sua conveniência. Quando um governo se saí mal é muito comum culpar o país que é "pobre demais" e não se tem dinheiro para se fazer nada, uma boa maneira de esconder a incompetência própria. Lamentavelmente deixaram o povo esculhambar com os símbolos da pátria, sem fazer uma campanha sequer para esclarecer os fatos. Governo ruim, pátria ruim, assim equivocadamente vai pensando o povo, principalmente os mais jovens que são os que mais sofrem com essa ausência de auto-estima.

Sete de setembro virou data de protesto. Homossexuais, punks, mulheres, trabalhadores, um monte de gente querendo usar a data para chamar a atenção. Eles são tão ingênuos que não percebem que essa data não é a ideal para esse tipo de coisa, pois quem os oprime é o governo, a sociedade, as pessoas, ou sei lá quem, mas nunca a pátria. A pátria (puramente a pátria) jamais oprime quem quer que seja.

Mas nessa manhã percebo que as pessoas saíram timidamente às ruas. Algumas com rosto pintado de verde e amarelo, e todas com um desejo puro e simples de gostar da pátria. Gostar simplesmente, sem levar mais nada em conta (ninguém precisa deixar de gostar de música ou filme estrangeiro por exemplo, para ser considerado patriota) e o melhor é que isso parece estar acontecendo sem ajuda de políticos interesseiros de governo ou oposição, nem de intelectuais e nem muito menos da mídia. Já é um começo. Um tímido começo.