TEORIA DA MEDICINA INCOMPETENTE
 
Dedicado aos grandes profissionais:
 
Geraldo Danzi Sálvia, Renato Cavalcante Rocha, Arraul, Marcos Loures e todos os profissionais da área por excelência
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Estranho quando, às vezes, sento-me à frente de um televisor e assisto algumas reportagens. Hoje falarei da área da saúde. Não quero denegrir nem acusar apenas mostrar minha experiência pessoal.

Minha mãe nunca fora de andar em médico. Sabe como é esse povo teimoso, quando sentia alguma dor, se recusava. Meu tio também era assim. Tenho uma tia assim. Aliás, quando somos mais novos, não vemos necessidade. Portanto, aconselho-vos: Evite se automedicar, por favor. Então, como começa minha saga? Primeiro tenho que deixar registrado que o sistema de saúde público não é ruim assim como parece. Acontece que é muito contingente de pessoas. Infelizmente a classe média baixa – existe isso? – deveria tomar mais precauções e procurar um meio contraceptivo para controle da população. Hoje o que mais se vê, são garotas e garotos prematuramente sexualizados – influenciados, muitas horas, pelo próprios pais, a mídia e outros meios de comunicação. Então, quem sofre com isso: O sistema de saúde. Sim, é disso que quero falar. Lembro-me de minha saga nessa epopéia nada agradável. Pois, só quem é mesmo carniceiro para gostar de hospital e afins.



O que quero mostrar é a dificuldade de se encontrar profissionais especializados – isso quando não estão preparados como parece. Quando minha mãe teve uma crise hipertensiva nunca mais me esqueci – e aconteceu um mês após a sogra de uma amiga de minha irmã ter desistido de pagar seu plano -, não tínhamos como pagar um plano para ela, pois dava mais de seiscentos reais devido sua idade – mais de cinquenta. – Três dias antes – foi a última vez que a vi bem –, ainda não estava na Universidade; tinha apenas prestado o vestibular. Assim, quando não chegava muito tarde em casa, acabava dormindo por lá mesmo – na casa do patrão. Nesse dia – vinte e seis de abril – ela me esperava no sofá. Cheguei era mais de uma hora da manhã. Ela estava no sofá. Eu disse oi fia! Ainda acordada? Estava te esperando, respondeu-me. Assim, sexta acordou passando mal e vomitando. Eu já sabia que era a pressão. Dei-lha uns melhoral e um captopril – pois ela tomava seu remédio, porém esquecia, muitas vezes; ou tomava em horas desreguladas – dei os comprimidos. Corri até minha irmã para comprar mais melhoral. Ela piorou. Como o cunhado de meu tio tinha carro, levou-nos ao hospital. Ela querendo vomitar. Quando chegamos lá – ela passando mal – eles me pediram para entrar pela emergência. Colocaram-na em uma cadeira de rodas. Mediram sua pressão. Dezesseis por dez. pediram para levá-la ao médico – doutor Douglas. Quando entrei na sala – perdoem-me não sou de julgar as pessoas, tenho defeitos e limitações também – olhei para o médico – uma cara de pangaré sabe aqueles médicos de bula? Mais ou menos isso. Ou seja, não tinha ido com a cara dele – e isso me acontece algumas vezes. Ele me olhou com aqueles óculos e cara de idiota – perdoem-me novamente. Doutor me pediram para trazê-la e... Cadê a ficha dela? – estavam fazendo. – Bom, sei que o hospital tem seus procedimentos – estão fazendo, respondi. Expliquei-lhe o que era. Ele me falou que uma pessoa hipertensa com dezesseis era normal. Apenas pediu exame de sangue. Falou que ela estava com problema no rim – o que não era novidade – que precisávamos arrumar um nefrologista urgente. Eu falei, mas não vai medicá-la? Não. Não precisa. Doutor ela pode sofrer um infarto ou coisa assim. Bom como posso discutir com um doutor? Que conhecimentos tenho de medicina?



No domingo, uma irmã de meu tio vinha nos visitar. Pela manhã, eu estava dormindo , ouvia aquela correria. Eles já tinham chegado, todo mundo querendo se arrumar – eu não; pois tinha chegado tarde em casa. Quando ouvi minha mãe reclamando. Minha tia tinha ido atender o portão. Ela começou a passar mal chegou à porta do quarto eu levantei correndo, ela estava gelada. Levaram-nos ao AMA a pressão novamente – dessa vez vinte por doze. Medicaram-na. Ela estava sem comer desde o da noite anterior. Eu lá fora. O dia passando e ela lá deitada. Era necessário baixar a pressão. Ainda fui ao mercado comprar um biscoito salgado e um suco – não tinha tomado o desjejum e sem almoço. Ainda perguntei à enfermeira se ela podia comer. Respondeu-me que sim, mas pouca bolacha. Ela comeu duas e de repente, vomitou tudo novamente. A pressão subiu novamente. Estava já dando dezoito horas – hora que se encerram as atividades do posto. Vamos nós novamente para o hospital. A acompanhante do resgate ao pegar o eletro me falou ela está enfartando. Foi um baque para mim. Minha mãe falou: Ai eu vou morrer, temerosa. Eu disse não nós vamos ao hospital porque vai fechar aqui. Nisso as lágrimas veio-me aos olhos, mas não podia deixar ela ver. Engoli em seco. Senti-me impotente. Sem plano, sem dinheiro, com tantos bons profissionais e depender de mediquinhos de fundo de quintal. Chegando lá a moça disse que era enfarto. Mas, que ficamos lá por quase três horas para sermos atendidos. Isso porque eu fui lá e conversei com os seguranças que acabou passando ela na frente. Ela queria ir ao banheiro, eu sozinho, fui levantá-la estava ressecada. Não conseguia defecar. Lembrava do imbecil do médico. Depois, muitos sabem do resultado. Enfim chegou uma médica - prestativa e realmente como o dom para medicina, pois para ser médico, antes de tudo é necessário ter amor e dom pela profissão, lidar com vidas não é tarefas das mais fáceis -, que acabou pedindo vários exames e lá ela ficou. Quando voltou não conseguia andar direito. Falei com o doutor Arraul – que cuidou dela até os últimos momentos – ele me disse que realmente era um probleminha renal, mas tomando os remédios ela conseguiria ter uma vida normal. Após indas e vindas ela acabou partindo.

Escrevo isso para mostrar a dificuldade que é conseguir um médico – um especialista – para passar. Quando vão marcar consulta, são com meses e meses. Meu amigo passou pela mesma forma de incompetência médica. Sua esposa engravidou – após um tempo de tratamento –, a barriga crescendo, fazendo pré-natal e tudo. Ela começou a ter muito inchaço. Então o médico lha passou comprimidos para pressão alta e repouso. Quando ela estava tomando banho ele estranhou a barrigada dela estar como um saco caído – e já no sexto mês de gravidez. Quando foram ao médico o bebê já estava morto. O trauma foi demais. Ele já tinha perdido seu pai. Dois meses depois sua mãe, e, para piorar, perde o filho. Chegou até a ter um início de síndrome do pânico. Não conseguia dormir, ficar no escuro, parecia que ia morrer. Isso aconteceu com ele antes do caso de minha mãe. E – não é piada – cinco meses depois ligaram para ela para outro pré-natal. Ela falou: O quê! Já perdi a criança a quase cinco meses.

É triste ver e – pior, sentir na pele – o descaso, muitas vezes e situações humilhantes que passamos a procura de um médico. Eu depois de tanto estresse e correria tive uns probleminhas. Estou tentando me tratar. Urologista estou a caça à mais de dez anos – e não é ficção, é realidade. Neurologista? O que é isso? Nome de alguma cidade? Recebi um e-mail falando do Hospital do Homem – situado na Avenida Brigadeiro – tentei contato, tentei. Após uma semana alguém atendeu. Pedi explicações de como passar lá. Ela me falou: O posto é que marca. Ah, eu respondi, como se onde moro nem agente de saúde tem? A coluna, descobri que era hérnia após consegui indicação de um amigo médico. Só assim. Mas, não podemos perder as esperanças não é mesmo? 
 


 
07/09/09 – 19h18m
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 07/09/2009
Reeditado em 08/09/2009
Código do texto: T1797737
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