Tílburi

Tílburi

Andei preguiçosamente pelas ruas de Paris, olhando tudo como se fosse fiscal da Prefeitura encarregado de verificar, além do desmazelo, os proprietários que pretendessem modernizar a cidade. Imaginem, colocar na frente dos prédios, grandes anúncios da coca-cola ou mesmo da pepsi, transformando as avenidas em galerias de jardim zoológico, com os macacos dos anúncios enfeitando as ruas...Parei o tílburi junto da praça da ópera; caminhei em direção ao norte, sul, leste e oeste, contando os passos, para que nenhuma daquelas direções fosse prejudicada nas andanças; andei pelas margens do Sena, primeiramente, pela rive gauche e, secundariamente, pela rive droite; tive a sensação de estar num dangler, pois, sentia a cabeça um tanto confusa; temia encontrar na caminhada uma daquelas figuras heróicas de França, quem sabe, os leprosos, os corruptos, as prostitutas e os dandis; olhei, atentamente, para as janelas dos prédios, buscando, quem sabe, encontrar Mimi afogada no sangue da última hemoptise, manchando de púrpura um lenço imaculadamente branco. Essas coisas são muito complicadas para uma cabeça de pouco rumo; vou-me esgueirando pela amurada do Sena e volto para o sótão, que estou habitando e com uma bela vista para o nada! Não sei o que fazer com o tílburi...Não sei o que fazer...