Pátria amada e maltratada
Nenhuma festa cívica me agrada mais do que o 7 de Setembro. Nem o 2 de Julho, para os baianos a verdadeira data da independência do Brasil.
E foi sempre assim; até durante as duas ditaduras que tive a felicidade de atravessar: a ditadura do Dr. Getúlio e a dos militares, do marechal Castelo ao general João Figueiredo.
Justifico o porquê desta minha alegada felicidade dizendo que os dois regimes autoritários, principalmente o dos militares, ensinaram-me que a Liberdade não tem preço.
Frisei o regime militar porque o atravessei, como redator e copidesque de um jornal e de uma rádio de Salvador, em tempos áureos do jornalismo da Boa Terra.
Sabia das notícias mas não as podia divulgar. O que somente era possível com o Imprimatur do soldado censor, geralmente sem nenhum preparo intelectual.
Mas, fiel defensor da ditadura, fazia questão de ler até o obituário, antes dele ser publicado. Incrivel!
Da ditadura do Dr. Getúlio Vargas, pouco posso falar. Eu era um meninote, feliz da vida, quando do seu reinado.
Mas uma farta literatura me trouxe muitas histórias sobre os subterrâneos do governo ditatorial do Pai dos pobres, dando-me condições de avaliá-lo em muitos dos seus ângulos.
Hoje, curtindo galhardamente os meus outonos, continuo cultuando o 7 de Setembro, em que pese a ação da chusma de patriotas de araque que, pilhados, repetidas vezes, em situações confrangedoras, têm contribuído para diminuir o amor à Pátria, mormente entre os jovens, que, ouvidos, já se revelam descrentes no, e com o seu País.
Os governantes esqueceram de estimular o sentimento de patriotismo, inclusive nas escolas que estão sob sua guarda e responsabilidade.
Eles estão mais preocupados em preservar os cargos que ocupam, garantia das facilidades que o Poder oferece, e delas desfrutam sem a menor cerimônia, e, em alguns casos, de maneira sórdida e desavergonhada.
Na sua última crônica - domingo, 6 de setembro - meu querido amigo João Ubaldo, esse baiano genial, escreveu o seguinte, referindo-se a um passado não tão distante: "Na escola, a gente aprendia o Hino Nacional, que vinha impresso em praticamente todos os cadernos. Era como a missa em latim. Ninguém entendia nada, mas respeitava do mesmo jeito."
Somos, ele e eu - ele alguns anos mais novo -, desse tempo. Tempo em que se aprendia, desde o Jardim de Infância, que a Pátria devia ser amada; "idolatrada, Salve! Salve!"
A participação da juventude nos desfiles do 7 de Setembro não era um insignificante acontecimento escolar.
Para as crianças, moiçolas, rapazolas - os "homens de amanhã" - era um exercício sério, respeitoso e espontâneo de cidadania.
Nos dias que correm, em muitas escolas públicas, a música de um pagodeiro qualquer substitui os hinos patrióticos, como o Hino Nacional e o Hino à Bandeira.
Nunca mais, pelo menos por aqui, ouvi falar na "Semana da Pátria", com a divulgação de uma criteriosa e ilustrativa programação, através do rádio, TV e jornal.
Mas já se programa o carnaval de 2010, com seu protagonistas - artistas e seus agenciadores -, ganhando as primeiras páginas das gazetas.
A Pátria? Ó, Pai, ó!
Ainda hasteia-se a bandeira do Brasil nas escolas? Não tenho visto.
Aliás, o pavilhão nacional só é euforicamente festejado, e isso não é novidade, quando, digamos, o Kaká faz aquele gol salvador da pátria... de chuteiras.
Pobre "Pendão da Esperança"!
Dia desses, vi um segurança de um banco arreando a bandeira do Brasil na hora do crepúsculo.
O sujeito, mais interessado na mulata de bumbum avantajado que atravessava a rua, permitiu que o pavilhão arreasse de vez, deixando-o, por alguns minutos, no chão imundo do passeio.
Adverti-o com um olhar severo. Mas a morena que passava era mais importante para ele.
O desfile militar, no dia da Pátria, sempre me levou às avenidas.
Tanto nas cidades do interior, onde os modestos Tiros de Guerra são a principal atração, como nas largas avenidas das capitais, onde centenas de soldados marcham - de peitos estufados, como dizia, lá em Fortaleza, meu sargento instrutor - representam suas respectivas Armas: Exército, Marinha e Aeronáutica.
Logo mais, estarei na Avenida Sete de Setembro, a baiana Avenida Sete. Vou ver de perto a parada das Forças Armadas.
E, mais uma vez, me emocionar quando a banda da Marinha passa por mim tocando Cisne Branco.
Vou homenagear a Pátria amada, lamentando e condenando o que ultimamente politiqueiros calhordas andam fazendo com ela.
Nenhuma festa cívica me agrada mais do que o 7 de Setembro. Nem o 2 de Julho, para os baianos a verdadeira data da independência do Brasil.
E foi sempre assim; até durante as duas ditaduras que tive a felicidade de atravessar: a ditadura do Dr. Getúlio e a dos militares, do marechal Castelo ao general João Figueiredo.
Justifico o porquê desta minha alegada felicidade dizendo que os dois regimes autoritários, principalmente o dos militares, ensinaram-me que a Liberdade não tem preço.
Frisei o regime militar porque o atravessei, como redator e copidesque de um jornal e de uma rádio de Salvador, em tempos áureos do jornalismo da Boa Terra.
Sabia das notícias mas não as podia divulgar. O que somente era possível com o Imprimatur do soldado censor, geralmente sem nenhum preparo intelectual.
Mas, fiel defensor da ditadura, fazia questão de ler até o obituário, antes dele ser publicado. Incrivel!
Da ditadura do Dr. Getúlio Vargas, pouco posso falar. Eu era um meninote, feliz da vida, quando do seu reinado.
Mas uma farta literatura me trouxe muitas histórias sobre os subterrâneos do governo ditatorial do Pai dos pobres, dando-me condições de avaliá-lo em muitos dos seus ângulos.
Hoje, curtindo galhardamente os meus outonos, continuo cultuando o 7 de Setembro, em que pese a ação da chusma de patriotas de araque que, pilhados, repetidas vezes, em situações confrangedoras, têm contribuído para diminuir o amor à Pátria, mormente entre os jovens, que, ouvidos, já se revelam descrentes no, e com o seu País.
Os governantes esqueceram de estimular o sentimento de patriotismo, inclusive nas escolas que estão sob sua guarda e responsabilidade.
Eles estão mais preocupados em preservar os cargos que ocupam, garantia das facilidades que o Poder oferece, e delas desfrutam sem a menor cerimônia, e, em alguns casos, de maneira sórdida e desavergonhada.
Na sua última crônica - domingo, 6 de setembro - meu querido amigo João Ubaldo, esse baiano genial, escreveu o seguinte, referindo-se a um passado não tão distante: "Na escola, a gente aprendia o Hino Nacional, que vinha impresso em praticamente todos os cadernos. Era como a missa em latim. Ninguém entendia nada, mas respeitava do mesmo jeito."
Somos, ele e eu - ele alguns anos mais novo -, desse tempo. Tempo em que se aprendia, desde o Jardim de Infância, que a Pátria devia ser amada; "idolatrada, Salve! Salve!"
A participação da juventude nos desfiles do 7 de Setembro não era um insignificante acontecimento escolar.
Para as crianças, moiçolas, rapazolas - os "homens de amanhã" - era um exercício sério, respeitoso e espontâneo de cidadania.
Nos dias que correm, em muitas escolas públicas, a música de um pagodeiro qualquer substitui os hinos patrióticos, como o Hino Nacional e o Hino à Bandeira.
Nunca mais, pelo menos por aqui, ouvi falar na "Semana da Pátria", com a divulgação de uma criteriosa e ilustrativa programação, através do rádio, TV e jornal.
Mas já se programa o carnaval de 2010, com seu protagonistas - artistas e seus agenciadores -, ganhando as primeiras páginas das gazetas.
A Pátria? Ó, Pai, ó!
Ainda hasteia-se a bandeira do Brasil nas escolas? Não tenho visto.
Aliás, o pavilhão nacional só é euforicamente festejado, e isso não é novidade, quando, digamos, o Kaká faz aquele gol salvador da pátria... de chuteiras.
Pobre "Pendão da Esperança"!
Dia desses, vi um segurança de um banco arreando a bandeira do Brasil na hora do crepúsculo.
O sujeito, mais interessado na mulata de bumbum avantajado que atravessava a rua, permitiu que o pavilhão arreasse de vez, deixando-o, por alguns minutos, no chão imundo do passeio.
Adverti-o com um olhar severo. Mas a morena que passava era mais importante para ele.
O desfile militar, no dia da Pátria, sempre me levou às avenidas.
Tanto nas cidades do interior, onde os modestos Tiros de Guerra são a principal atração, como nas largas avenidas das capitais, onde centenas de soldados marcham - de peitos estufados, como dizia, lá em Fortaleza, meu sargento instrutor - representam suas respectivas Armas: Exército, Marinha e Aeronáutica.
Logo mais, estarei na Avenida Sete de Setembro, a baiana Avenida Sete. Vou ver de perto a parada das Forças Armadas.
E, mais uma vez, me emocionar quando a banda da Marinha passa por mim tocando Cisne Branco.
Vou homenagear a Pátria amada, lamentando e condenando o que ultimamente politiqueiros calhordas andam fazendo com ela.