Deuses que Dançam
Recebi um e-mail de um leitor preocupado com a minha fé. Ele dizia que rezou muito pela minha alma pois percebeu que eu não acreditava em Deus, depois que ele leu o meu texto "os Deuses estão dormindo". Agradeci a mensagem e a consideração, e disse a ele que não havia motivo para que ele perdesse as suas noites de sono, pois eu acreditava sim; mas só em Deuses que dançam.
Porém, antes que eu enviasse a mensagem, comecei a ouvir um som de atabaque atrás de mim e ao virar-me para ver de onde vinha o som, vi os lindos Orixás chegando na minha sala, dançando e cantando, e saudando esse escritor. Saudei cada um deles, pedindo mil axés ao povo africano que nos deu tão bela herança. Vi também Nataraja em sua dança da transformação; os Celtas com os seus festivais de fertilidade onde a dança e o amor eram festejado em comunhão com os Deuses; os japoneses dançando o Kagura; os Dervixes com o seu girar de amar; as dançarinas egípcias agradecendo a colheita à beira do Nilo e outros tantos Dançarinos do Divino pedindo passagem, transformando a minha sala numa Sapucaí.
Daí, não resisti, saí da frente do computador e comecei a bailar na minha sala com os Deuses que dançam. Quem visse diria que enlouqueci; quem sentisse o que senti, perceberia, que diante dessas emanações de amor e sabedoria que vem dos confins dos multiversos, não temos nada mais a fazer além de dançar; ou escrever crônicas e poesia.
Os meus Deuses dançam! E o seu? - perguntei ao leitor no final da mensagem, mas ao invés da tecla "enviar", escolhi "cancelar". Optando por mandar a mensagem para o limbo, lugar onde os deuses sisudos que levam a fé muito a sério devem morar.