VOCÊ NÃO VALE NADA, MAS EU GOSTO DE VOCÊ!

Já virou até jargão na boca do povo o tal refrão do grupo Calcinha Preta, que dá nome a esta crônica: “Você não vale nada, mas eu gosto de você!”

Não sei bem ao certo se minha concepção mudou com a fase adulta ou se realmente as coisas mudaram muito de tempos pra cá. O fato é que também podem ser ambas as coisas. Quando eu era criança, acreditava muito no casamento como uma instituição, onde pai e mãe se respeitavam e amavam seus filhos a tal ponto que, superavam incompatibilidades de gênios e outras adversidades que os relacionamentos a dois trazem, tudo em nome da prole. Sim, havia muitos casais que superavam as adversidades e permaneciam juntos, sacrificando-se por causa dos filhos. E assim, as famílias não deixavam de existir.

Hoje em dia, fico um pouco descrente e decepcionada. Aos 32 anos de idade, não me via madura ainda para assumir um compromisso que, ao meu ver, deveria ser para sempre. Não é que eu acredite em contos de fadas, mas sempre pensei que se um dia tivesse que jurar amor eterno e fidelidade no altar de uma igreja, diante de Deus, deveria ser como diz a Bíblia: “Até que a morte nos separe”. Hoje em dia, o casamento parece que virou consórcio, ou até pior: uma espécie de sociedade... Se cansar, desfaz o acordo e fim de papo. Parte para outra. Ninguém é de ninguém. Isso não significa que um documento garanta a posse do outro, tampouco a assinatura em papéis segurem casamento quando acaba o amor, mas é triste quando deixa marcas, ou melhor, sementes que irão crescer sem serem regadas constantemente: os filhos. E todos sabem que o exemplo é que educa (bem ou mal). Não sei ao certo o que é pior: separações demasiadas ou traições.

Há pouco tempo é que decidi me casar. Não sei se vale repetir a velha história de que ainda não havia aparecido a pessoa certa, mas digamos que demorei a encontrar alguém com interesses em comum, bom sujeito, amoroso e – espero – fiel. Quando somos jovens, temos medo de dar um passo em falso, idealizarmos uma situação e nos decepcionarmos se não corresponde aos nossos anseios. O fato é que a juventude é sonhadora e romântica. Só não pode ser cega, a ponto de acreditar que uma vida a dois é um mar de rosas eterno... São muitos os percalços pelo caminho, mas quando duas pessoas decidem de fato viverem juntas, devem pesar os prós e os contras para mais tarde não se arrependerem... Até porque, quando se tem filhos, os interesses individuais perdem a força em razão dos interesses coletivos. Quero filhos que possam conviver em um ambiente familiar, na companhia do pai e da mãe. Mas, infelizmente, o dia em que descobrir uma traição, não terei sangue frio de perdoar e continuar casada.

Enquanto isso, muitos casais modernos jogam o”quatrilho”: jogo em que os casais trocam de parceiros. Isso não me serve. Para mim, confiança é como cristal: quebrou, acabou. Sem essa de que você não vale nada, mas eu gosto de você. Se convivo com a traição alheia, também estou sendo infiel aos meus próprios sentimentos.

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 06/09/2009
Código do texto: T1794722
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