NOSSOS DONS

(publicado no jornal Comércio da Franca)

Era manhã de domindo, lembro-me bem. Íamos almoçar
como sempre na casa de minha mãe ou minha sogra. As
crianças no banco traseiro do carro iam distraídas, conver-
sando. paramos na banca de jornais, compramos um exemplar
do jornal Comércio da Franca.
Naquela época eu havia começado duas novas atividades:
a primeira eram as aulas de pintura em tecido, a outra eram
as reuniões da Renovação Carismática Católica.
Sentia que precisava fazer alguma coisa diferente, que mi-
nha vida não se completava apenas com meus afazeres do-
mésticos, com as atenções que dedicava aos filhos, ao marido,
à casa, à família, ás amigas.
Nas aulas de pintura descobri o que já intuia: um prazer i-
menso misturando cores, desenhando flores, pássaros, frutas;
desenhos abstratos... Nas reuniões dos grupos de oração a
espiritualidade adormecida, o louvor a deus, a descoberta de
um surpreendente mundo interior.
E foi nesse clima que abri o jornal naquele domingo. Procura-
va eu não ofertas de carros, motos, geladeiras, ou notícias;
não me interessavam naquele momento fotos de colunas soci-
ais...
Fui então até as páginas do Caderno de Domingo, interessada
talvez na foto do "Fundo do Baú".
Foi assim que me deparei com o conteúdo de "Letras Arte &
Companhia". Comecei a ler e gostei das crônicas, das poesias
tudo que lia ali achava interessante. Continuei a ler todos os
domingos. Naquela época, talvez influenciada pelas reuniões
da Renovação Carismática, por suas palestras, comecei a es-
crever. No início eram relatos da minha infância, da adolescên-
cia; talvez um desabafo, um questionamento de alguém que
ia chegando aos quarenta anos e tentava fazer um balanço
de sua vida. As idéias vinham e eu escrevia, sem estilo, sem
pensar. Eram sem dúvida uma catarse.
Escrevi muito e joguei tudo fora; mas aos poucos esse es-
crever constante foi tomando forma. Como uma criança que
começa a desenhar e depois pega gosto e se aprimora.
Foi então que escrevi minha primeira poesia; Pretensão:
"Eu pretendo hoje/ ser melhor que outrora/ e amanhã também/
jogar as mágoas fora..."influenciada ao mesmo tempo pelos tex-
tos que encontrava no "Caderno de Domingo",fui me transfor-
mando, e aquela pessoa tão objetiva de repente se viu poetisa.
Às vezes eu mesma não acreditava e certa vez uma amiga
me disse que talvez eu estivesse psicografando...Eu disse a ela
que a poesia era um dom. Dons que movimentos carismáticos ou
de outras religiões despertam nas pessoas.
Domingo passado uma tia minha leu uma poesia que fiz para
minha mãe há alguns anos e se emocionou muito: pude ver seus
olhinhos azuis marejados. Ela me disse para continuar escreven-
do e então pude perceber que todos os dons que recebemos
não são nossos, mas principalmente estão a serviço do próximo.
Seja uma torta de pêssegos ou morangos que faço, seja uma
poesia ou uma crõnica . As tortas nutrem o corpo, agradam
o paladar. A poesia restaura o espírito, aquece a alma.
Neste domingo quero agradecer à redação do "Caderno de
Domingo", em especial à Sônia Machiavelli Corrêa Neves, por
ter criado este espaço, que acredito faz oas domingos do povo
francano e da região mais interessantes, alegres e culturais.
E cumprimentar tosos que contribuem com crônicas e poesias, à
Atalie com suas lindas fotos Do Fundo do Baú. Acima de tudo
quero agradecer a Deus pelos dons que dá a todos que a Ele
recorrem. Nunca me esquecerei, Denise, de sua palestra sobre
os dons. Antes eu tinha apenas a recordação de um dia ter sido
uma boa aluna de redação.





Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 05/09/2009
Reeditado em 07/02/2013
Código do texto: T1794522
Classificação de conteúdo: seguro
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