Fingimento existencial
Fingimento existencial. Peguei-me, de repente, a pensar, absorto, em tal frase. Poderíamos simplesmente fugir ao que somos? Meu único objetivo, ao fim, é responder a esse questionamento. Deveras (noutro lado) conceitos assim, mal postos – principalmente por mim, que não sou filósofo – tendem muito mais a confundir-nos do que a esclarecer-nos. Todavia (ainda que meio torto) irei, por meu caminho – e em tom de galhofa –, projetar uma imagem que avistei em um dos meu rotineiros e metafóricos caminhares por minha bela e bem cuidada cidade (cá já não falo sério). Encontrava-me, então, em um ônibus rotineiro. Ao descer, disse ao motorista: Obrigado. Ele não me respondeu. Com raiva, desci e fui-me embora. Acabou. Raiva? E o porquê? Sentido? Que sentido? Disse que daria resposta ao meu questionamento e dei: eu esperava, antes de agradecer, o obrigado ao obrigado que ofereci. Que maldição de ser humano sou? Não era ao motorista que eu agradecia; era, em verdade, a mim. Era a esse ser podre que é o meu ser.