Façam o que eu faço...
Já perceberam como as pessoas sabem muito mais de você do que você mesmo sabe? Ou isso só acontece comigo?
Tenho uma grande tendência a não agradar a ninguém, dificilmente atendo completamente as expectativas. Todo mundo julga saber o que é melhor para mim, até mais do que eu própria.
Não são poucos os bem intencionados aproveite a vida - saia da frente do computador e vá viver - está solitária demais - é muita solidão pra você - largue o livro, não é aí que vai encontrar o príncipe encantado, a outra metade - você não sabe viver - não seja careta - tem que ter uma vida normal - não serve para você.
O que é aproveitar a vida senão fazer o que se gosta? O que é saber viver? Já começo a acreditar que saber viver é esquecer as próprias mazelas e dedicar-se a elaborar um manual de instrução para a boa vida dos outros.
O que é ser solitário? Posso considerar-me solitária ao interagir com uma imensa variedade de seres humanos, alguns dos quais desconheço o rosto, mas conheço as idéias e um pedacinho do coração? Não conheço solidão pior que os silêncios vividos lado a lado. Creio que a pior solidão vive-se acompanhado. Gosto da minha pretensa solidão.
Gosto de príncipes desencantados e reais. Não procuro nem metade, nem inteiro, simplesmente não procuro, deixo que o acaso me faça feliz. E tem feito. O príncipe desencantado é o meu maior e melhor encanto.
O que é ser careta? Tenho princípios que eu mesma estabeleci por julgar bons para mim, acredito neles e vivo de acordo com minha consciência. Sou flexível, tenho o cuidado de não prejudicar deliberadamente a ninguém, policio a tendência humana a julgar e criticar, procuro ser ética em todas as situações. Não sou infalível, mas procuro ser o melhor que posso ser. É muito? Sou careta? Então gosto de ser careta.
O que é ter uma vida normal? Seria acordar cedo, ver a novela e dormir cedo? Por que não posso fazer do jeito que prefiro? Gosto de minha vida anormal!
Perdoem-me, recuso-me a viver da maneira que acham que é certa para mim, escolho o que julgo melhor e reconheço que não acerto sempre. Aprendi a ousar viver minhas escolhas, ninguém sabe mais de mim do que eu própria e o meu travesseiro, que me acolhe muito bem.
Não sou vítima de nada, nem de ninguém, vivo a vida que escolhi viver. E por mais estranho que possa parecer, eu gosto dela!
Creio que não há nada que machuque mais do que a ingratidão, não quero ser ingrata, reconheço as boas intenções e agradeço.
Preocupo-me também em ser verdadeira, confesso que muitas vezes prescrevo dicas de bem viver aos meus amigos, aos quais peço desculpas, mas não poupo de mais uma: façam o que eu faço, vivam suas convicções, não as minhas.