Viagens da Terra

Pois bem, vou lhes contar uma história inusitada que aconteceu comigo quando estive no interior de Pernambuco, região agreste. Lugar seco, frio e bastante diferente de minha decadente metropole, onde todos se julgam modernos e intelectuais. Percebi também que as próprias pessoas da área urbana se evadiram da mesma para tentar uma vida de sossego na região interiorana, até porque, nem tiro os motivos desse pessoal, sou tão metido a moderno, mas eu acho que faria a mesma coisa depois que atingisse uma certa idade. Fui até la com um grande amigo meu, fomos simplismente visitar a cidade, e consequentemente arrumar amizades. O comportamento das pessoas é bem diferente viu, alguns indivíduos bem extrovertidos, até demais (risos), outros bastante fechados, nossa! era uma coisa assim, totalmente desprendida de formalidades, não digo rústico ou grosseiro, mas pouco dinâmico, pouco interativo. Não procurei saber o porque desse aspecto, entendo que não seria conveniente perguntar o porquê desse tal comportamento, minha obrigação como turista era compreender e não julgar, não é mesmo?! um povo também com uma cultura rica, eu e meu companheiro de viagem ficamos "bestificados" com as artes feitas pelos moradores. Entendi a partir disso, que nossa cultura olindense e recifense, não é isso tudo que dizem, temos também que nos remetermos aos "matutos" que sabem fazer arte muito bem. Talvez nossos antepassados saibam explicar muito melhor a respeito das artes do agreste que qualquer outro, pois todo nordestino tem família no interior, pelo menos a minha e de muitos amigos é assim. Mas é até melhor assim, só que, os metropolitanos não pensam assim, pensam que tudo gira em torno deles, e que sempre são os focos das atenções, olhe, muitos "cidadãos" irão ficar boquiabertos com o que essas terras podem nos proporcionar de intelectualidade, até porque particulamente, ser intelectual é ter a compreensão da diversidade de cada região. Enfim, mais uma daquelas viagens que nos ensinam bastante sobre o que fomos, e o que não podemos deixar de ser, porque assim sempre seremos, NORDESTINOS!

Caio Cézar
Enviado por Caio Cézar em 03/09/2009
Reeditado em 01/10/2009
Código do texto: T1790538
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