SUFOCAMENTE DISTANTE

Gosto de guardar caquinhos de sentimentos e pedaços de qualquer coisa que agrupem memórias. Mesmo que nos caquinhos estejam pedaços já mortos, de algo que não se quer ou não se quis ou já foi e não pode voltar mais.

A dor dos cacos sempre resta no sangue da ponta, aquele sangue que manchou o tecido branco da cortina.

Nem dá para tirar manchas. Tudo se guarda em algum lugar.

Gosto de murmurar tolices e reclamar de tudo o que é quase nada. Acordo os passantes. Fica grotesco e disforme, agridoce e contagiante.

É, eu gosto de coisas distintas.

Quem sabe eu acorde com o refrão tosto e firme do tédio?

Tédio... esse dogma formatado pelo pânico de ficar sozinho... Um brinde a solidão! Alias, brindes: um para mim mesmo e outro para o vazio. Dois brindes e mais nada além do tédio. O escuro, o breu, o silêncio, o medo, o tédio.

O que são essas coisas além de nosso pensamento restrito?

A liberdade não contém amarras e nem adjetivos. Ela apenas vai e flui e se permite.

Com cacos quebrados, rabugices pré-escritas, silêncios e ojerizas, só a liberdade se permite rir de tolices.

Me diz o que é o sufoco que te mostro alguém para te seguir...

Xiiii... o silêncio quer dominar.