Em 300 palavras: O significado de uma palavra pode não ser o seu significado
Recentemente alguém me contou a história que tinha ido ao Museu do Imigrante e, não sei o porquê, precisava consultar algo na Internet, ali mesmo, quando viu uma placa que dizia: Sala de Navegação. Não teve dúvidas, entrou, mas qual não foi a sua surpresa? A sala simulava a navegação dos navios em que os imigrantes vinham para o Brasil, longe de ser o local para navegar nos mares da rede virtual.
O significado de uma palavra pode mudar em uma determinada região ou no decorrer do tempo, um exemplo é a palavra Interessante, antes era usada exclusivamente para dizer que algo interessava por ser curioso, importante, atraente, porém, hoje, quando escutamos que algo é interessante pode ser justamente o oposto, que é razoável, apenas mediano, sem graça ou pior ainda, maçante, entediante.
O grande escritor João Guimarães Rosa, que tem um dos melhores nomes de nossa literatura, escreveu em um dos seus contos, o problema de um médico para explicar a um cangaceiro o sentido da palavra: Famigerado, dita a ele por um homem do governo. O narrador vê que o destino do pobre servidor está em suas mãos e cabe a ele escolher bem as palavras para dizer ao jagunço a real acepção da palavra, de modo que não coloque em risco a sua vida e a do maledicente.
Quase todas as palavras têm inúmeros significados, às vezes deixamos alguns de lado ou apenas nos lembramos dos mais utilizados no nosso cotidiano. Foi o caso da navegadora do museu, que esqueceu que navegar se referia ao embarcar rumo a algum lugar em um navio, contudo ao confundir o valor semântico das palavras, em linguagem de dia de semana, viajou na maionese, que é um termo muito interessante.