SÓ TEM AQUI
Enevoada pelos anos lembro da primeira vez em que vi o Maracatu Rural pelas ruas do Recife. Era somente uma menina desacostumada à multidão e a barulheira quando o meu pai resolveu nos trazer, a mim e a meus irmãos para ver a folia no centro da cidade. Naquele tempo ninguém dizia “Vou ao Recife”. Simplesmente anunciava “Vou à cidade” e pronto, todo o mundo sabia.
As roupas coloridas de homens e mulheres, os mantos bordados, a dança, o canto, o mestre com a flor na boca; diante de tanta beleza senti vontade de rir e chorar. Tudo me provocava medo, mas não naquele momento não senti nenhum. Só deslumbramento.
Diante de meus olhos desfilavam dançarinos, músicos, a boneca nas mãos da dançarina, no mundo inteiro não existe nada tão bonito.
O Maracatu Rural mais antigo é o Cambinda Brasileiro. Foi fundado em 1898 e a sede ainda é no Engenho do Cumbe em Nazaré da Mata, interior pernambucano.
Os personagens do Maracatu Rural são o Caboclo de Lança, Catirina, Mateus, Catita, os Reis e Rainhas.
Anos depois, numa apresentação surpresa que aconteceu no SENAC do Recife, o Maracatu Rural apresentou-se em toda sua pujança de cores e ritmo. Eu estava lá, vi o auditório lotado; quando chegou ao fim todos aplaudiram de pé.
Cada vez que o Carnaval chega, o Maracatu Rural se apresenta e nunca deixa de encantar foliões e turistas. Vem da zona rural, conta apenas com a força de vontade e o amor à tradição que passa de uma geração para outra.
MCC Pazzola