Lixo
Amanhecera pesado. Dormira muito mal. Parece que durante toda a noite, debateu-se com monstros, tamanha dor no corpo! Não queria se levantar para aquela vida tão medíocre. Tomar o trem, bater cartão, vestir o macacão e sair para a repescagem.
Deus, como chegara àquela situação! Nascera muito rico. Que fizera de sua vidinha idiota? Agora tinha que obedecer a um chefe troglodita!
Estudar, pra quê? Nasceu rico! Ter amigos leais, pra quê? Podia comprá-los! Amor verdadeiro? Nem sabia o que era. Estava acostumado a comprar também o amor! Noitadas e noitadas do mais puro desperdício - de tempo e vida!
O dinheiro acabou e com ele, amigos, favores e amores! Dias miseráveis... nunca trabalhara na vida! Não estudara, nem arrumara uma rica viúva para mimá-lo!
Hoje... morava num barraco, sozinho. Ele mais a solidão dele!
"Droga de vida, não adianta ficar pensando na vida, vamos lá, para aquele maldito lixão! Meu trabalho? 'Repescador de materias recilcáveis', ou seja catador de papelão, garrafas pet e latinhas.
Meu chefe? O dono do próprio lixão!!
Mereço ou não mereço este vidão?!"
THERA LOBO (agosto de 2009)