VOCÊ ESCREVE O FIM
Esta crônica foi inspirada
na imagem que a ilustra.
Sonhei que morava em um país chamado "Absurdia". Lugar estranho. Costumes bizarros. Imagine que as pessoas corriam para se inscrever em exames terríveis!
Abri o jornal e lá estava a lista dos concursos mais procurados por ordem de inscritos. Perplexa, li a notícia sobre as vagas, completamente preenchidas, com direito a fila de espera, que poderia se estender por todas as quadras do maior bairro da cidade!
Qual era a lista?
Por mais incrível que pareça:
1. Concurso para Agência Absurdiana da Intolerância.
2. Concurso para Central Absurdiana da Violência.
3. Concurso para Academia Absurdiana da Corrupção.
4. Concurso para a Escola Absurdiana de Belas Farsas.
5. Concurso para o Núcleo Absurdiano da Hipocrisia.
Fechei o jornal sem entender onde estava! Que lugar era aquele? O que aconteceu com as pessoas? Será que ninguém notava a distorção dos valores? Tudo parecia invertido, pelo avesso!
Qual seria a lógica ali? Os vestígios da civilização teriam sido triturados no recuo à terra das cavernas de ninguém? Onde foi parar o pensamento crítico? De que maneira tantas pessoas passaram a se comportar passivamente? Ou tornaram-se trogloditas sem perceber?
Abri o jornal outra vez. Aflita, li todas as páginas. Em algumas, as marcas das lágrimas borravam a impressão. Não encontrei uma linha sequer contrária àquela realidade.
Senti o peso do silêncio mórbido ao redor. Tudo, num instante, sem o menor sentido. Não valeria a pena protestar? O que poderia fazer? Num impulso comecei a gritar na janela:
- O que estão fazendo com Absurdia? O que será de nossos filhos e netos? O que restará neste país?
Acordei assustada. Teria sido um grito de mulher?
Na tela da televisão a cena de um filme em preto e branco. E o movimento de aproximação da camera em um beco sem saída...
(*) Imagem: Google
(*) Legenda: "Scrivi tu la fine": "Escreva você o fim"
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Esta crônica foi inspirada
na imagem que a ilustra.
Sonhei que morava em um país chamado "Absurdia". Lugar estranho. Costumes bizarros. Imagine que as pessoas corriam para se inscrever em exames terríveis!
Abri o jornal e lá estava a lista dos concursos mais procurados por ordem de inscritos. Perplexa, li a notícia sobre as vagas, completamente preenchidas, com direito a fila de espera, que poderia se estender por todas as quadras do maior bairro da cidade!
Qual era a lista?
Por mais incrível que pareça:
1. Concurso para Agência Absurdiana da Intolerância.
2. Concurso para Central Absurdiana da Violência.
3. Concurso para Academia Absurdiana da Corrupção.
4. Concurso para a Escola Absurdiana de Belas Farsas.
5. Concurso para o Núcleo Absurdiano da Hipocrisia.
Fechei o jornal sem entender onde estava! Que lugar era aquele? O que aconteceu com as pessoas? Será que ninguém notava a distorção dos valores? Tudo parecia invertido, pelo avesso!
Qual seria a lógica ali? Os vestígios da civilização teriam sido triturados no recuo à terra das cavernas de ninguém? Onde foi parar o pensamento crítico? De que maneira tantas pessoas passaram a se comportar passivamente? Ou tornaram-se trogloditas sem perceber?
Abri o jornal outra vez. Aflita, li todas as páginas. Em algumas, as marcas das lágrimas borravam a impressão. Não encontrei uma linha sequer contrária àquela realidade.
Senti o peso do silêncio mórbido ao redor. Tudo, num instante, sem o menor sentido. Não valeria a pena protestar? O que poderia fazer? Num impulso comecei a gritar na janela:
- O que estão fazendo com Absurdia? O que será de nossos filhos e netos? O que restará neste país?
Acordei assustada. Teria sido um grito de mulher?
Na tela da televisão a cena de um filme em preto e branco. E o movimento de aproximação da camera em um beco sem saída...
(*) Imagem: Google
(*) Legenda: "Scrivi tu la fine": "Escreva você o fim"
http://www.dolcevita.prosaeverso.net