SEM SAÍDA

Você me angustia quando retoca os óculos no lugar. Seu jeito turvo de virar a cabeça denota timidez. Falsa timidez, concluo. Você fala manso, tem voz doce, pausada. Seu caminhar é descompromissado, induz liberdade provisória e sua roupa contribui para essa impressão.

Mas não me engano: amo um lobo. E que me devora, sorrateiramente, nos vãos que encontra de soslaio. Me chama de filha após se saciar e eu fico em silencio, semi amedrontada.

Sou presa fácil... range os dentes quando vê meu pavor. E um pavor sublime, do tipo que verte para as nuvens e ventanias.

Sinto saudades dessas presas quando estou suspeitamente liberta. Um vicio, que pode ser para sempre ou talvez, tarde demais para entender.