Mazelas do espírito, físico alquebrado- Giselle Sato






Muitas vezes escutamos e poucas, nos fazemos ouvir. E a voz que chega do fundo d’alma, encolhe-se cada vez mais.
Fica pequeninha, um fiozinho sem expressão, tênue e fraca. Finalmente, sem qualquer importância, recolhe-se ao esquecimento.

Pelo menos, assim imaginamos. Mas ela sempre vai estar em um canto qualquer, ativando a ponta de tristeza que não sabemos de onde vem...

Conversando com algumas pessoas, na sala de espera de um grande hospital, era claro a ansiedade e preocupação. Percebi que a maioria dos acompanhantes, tinha a mesma expressão. Não foi a tristeza da situação que me tocou, mas o desencanto da ausência de reconhecimento.

Tão enfermos quanto os doentes, eles padeciam de falta de atenção e carinho. Vi filhos dóceis, recebendo respostas ríspidas, esposas sendo ignoradas em suas tentativas de aproximação. Quantas reclamações e cobranças!
O momento requeria união, tranqüilidade e esperança.

Naquele lugar, alguns pacientes, estavam mais doentes que imaginavam. Eles traziam as mazelas do espírito, espelhadas no físico alquebrado. Por alguma razão desconhecida, sentiam-se fortes, bancando os ríspidos e brincando com a preocupação do próximo.
Altruísmo é nobre, mas quando nos anulamos, transforma-se em sofrimento. Merecemos consideração e respeito. E muitas vezes não nos damos conta. Abraçar o mundo é lindo... Mas precisamos ser abraçados. Faz bem...Conforta e fortalece.

O corpo sente, reflete as dores e angústias que carregamos. Quantos excessos que não nos pertencem, foram assumidos e fugiram ao controle?.
 
Não precisamos ser egoístas, nem suportar o egoísmo dos outros. Já sabemos que raramente, as pessoas mudam seus hábitos, principalmente na metade da vida. Além do mais, se estivermos sempre presentes e solícitos, não faremos falta. A gentileza será vista como uma obrigação, não uma forma de expressar carinho e respeito.

O dia a dia permite, a vida não nos obriga e tudo tem solução. No entanto, teimamos em nos agredir e magoar. Ensinar o caminho é muito eficaz, não é preciso tomar a pessoa pela mão e conduzi-la. Deixar que cada um encontre e aprenda sozinho, não é maldade nem desatenção. Dar passos maiores que as pernas, é bem pior. Chega uma hora que o limite se esgota, e o que assistimos é o completo abandono.

Se soubermos gerenciar nossa atenção e cuidado, será muito melhor para todos. Desta forma, o próximo que nos procurar, não será recebido como mais um problema.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 31/08/2009
Reeditado em 15/11/2016
Código do texto: T1785284
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