Que saudades do Rubem!
Que saudades do Rubem!
Mª Gomes de Almeida
Foi em uma dessas idas e vindas à cidade onde eles moram e com o coração partido de saudades dos meus filhos Amanda e Rômulo que lá residem com o pai, que tão logo começou a viagem os meus olhos se depararam com um horizonte visível apenas a poucos metros. É isso mesmo, poucos metros...
Estamos em plena primavera, é exatamente meados de setembro e o Sul do Pará arde em chamas e o que se vê é uma intensa cortina de fumaça e fuligem que paira no ar.
Impossível não lembrar do Rubem Alves que tão lindamente e em várias crônicas, senão em todas descreve o belo. O belo das árvores, ipês e outras tantas, o belo do ser humano, o belo do Livro Sagrado, o belo que é o próprio Deus.
Que saudades do Rubem!
Saudades porque a muito não fo(leio) seus livros (possuo vários).
E no meu silêncio, quebrado apenas pelo som dos pneus no asfalto indago a mim mesma. Cadê as árvores? Os animais? O ar? O sol? E o seu brilho? Cadê o homem? Cadê o próprio Deus?
Muito desses elementos que busco em meio às queimadas só estão presentes nos escritos do Rubem Alves.
Hoje o nosso amanhecer mais parece um en(tarde)cer, não pela beleza do final de mais um dia dádiva da criador mas sim
porque percebo que realmente é tarde. É tarde porque muito tudo ou quase tudo já se perdeu, as árvores, os pássaros, os animais, o ar, o sol, o homem.
As conseqüências de tantos danos e perdas esse mesmo homem chama de aquecimento global e outro termos com suas gravíssimas conseqüências. Eu chamo a isso de ausência de Deus. O Deus que alguns já perdeu, outros o está perdendo e muitos outros sequer o encontrou.