Caminhando e cantando, ou apenas caminhando mesmo...
Sou um observandante.
Vejo algumas pessoas, alguns estranhos. Todos são de um mundo outro, mas que com tranquilidade finjo me ser peculiar.
Não é. Eu sei.
Estou caminhando a horas e não vou a nenhum lugar. Não intenciono chegar.
Estou aqui porque ir pra casa seria tocar o que recorda a dor que sufoco.
Me empresta uma palavra tua pra calar a dor que grita dentro em mim, penso e estendo a alma em direção aos que por mim passam, como quem mendiga, mas o que é mesmo que m carece?
Estou aqui porque é melhor estar entre estranhos do que entre queridos, se os meus queridos não posso abraçar. Então peço ao poeta que recite qualquer verso que pronuncie o meu pesar.
É tanta vivacidade nas faces que passam por diante de mim, são tão pueris. E eu como poeira fico assim me escondendo pelas esquinas, pelo cantos, pelo teu canto se você ousar cantar quaisquer notas que façam sentido o correr dessa lágrima. Um canto qualquer dessa praça que não é minha, dessa rua que não é minha... que eu, eu não sou de nenhum lugar.
Nem lar eu tenho.
Aqui nem lá.
Avisto um senhor com uma viola, a vista clama: - Viola, chora pra me fazer companhia a essa alma silênciosa e taciturna, e que seja à vista que o meu prazo já se perde inválido.
E a noite cai.
Eu caio várias vezes também, mesmo me mantendo de pé. E algo no meu âmago sofre um peso gravitacional. Sinto como que ânsia de chão.
As pessoas fazem barulho. Outros namoram. Eu olho e as vezes sorrio, como se o "All Star" no pé fosse o suficiente para me aliar à jovialidade e leveza que exalam.
Caminhar é bom, promete às pernas que em alguma hora se chega à algum lugar. Mas, as pernas ficam frágéis, como a esperança fica frágil ante a escuridão da noite.
Sol, raie de uma vez que não me madruga mais o orvalho de esperança e aqui segue a sequidão, observandante.