O Que Gostaríamos
de Ouvi-los Dizer
Recebi por e-mail esses dias uma lista com vinte e cinco coisas que a autora pensa que as mulheres gostariam de ouvir de seus homens e que provavelmente nunca ouvirão. Não consegui concordar com algumas delas. A pior de todas: “sexo não é importante... vamos apenas conversar”. Para tudo que eu quero descer! Claro que sexo é importante... Quem foi a assexuada que pensou que seria bom ouvir isso? A gente vai ter muito tempo para conversar no trânsito até o trabalho, no almoço de domingo com a família ou quando ficarmos bem velhinhos, enquanto tivermos que esperar o tal do Viagra fazer efeito...
Tem outras igualmente equivocadas, especialmente aquelas que sugerem que ele deveria ser mais participativo nas nossas incursões aos shoppings da vida, mais críticos para os atributos físicos de outras mulheres ou mesmo que queiram ver um filme porque no elenco estão Antônio Banderas e Brad Pit. Fala sério!
Claro que gostamos de opinião sincera sobre a roupa/sapato/bolsa que estamos comprando, corte de cabelo, maquiagem, bijuteria que estamos usando, mas, para isso temos as amigas. Deles, basta-nos a respiração suspensa e o olhar guloso que nos lançam quando o conjunto da obra lhes é apresentado. Sei que depois do desejo satisfeito, bijuterias jogadas em algum canto, cabelo e maquiagem desfeitos, eles muito provavelmente sequer irão se lembrar se o vestido era verde ou azul.. E é assim que tem que ser.
Lembrei-me de minha amiga, Márcia, que vinha já há algumas semanas arrastando as asinhas para um novo colega de trabalho. Numa tarde de sexta-feira, encheu-se de coragem e resolveu convidá-lo para pegarem um cineminha. Ele aceitou prontamente e nem sequer franziu o cenho quando ela sugeriu um filme romântico. É o homem perfeito! pensava ela, já arrependida de não estar usando um lingerie mais sexy.
Depois do cinema, foram a um restaurante frugal, desses que servem flores capuchinho na salada e tabule de frutos do mar com chás gelados. Ele parecia bem à vontade com a falta de cerveja no cardápio e ainda elogiou a decoração do lugar e a música ambiente que reunia Tarancon e Paco de Lucia. Os dois tinham muito em comum, a noite seguia divertidíssima, mas ela já estava desanimada: por mais que jogasse charme, o rapaz não tomava nenhuma iniciativa. Nem mesmo durante o filme, cheio de cenas tórridas e sensuais, ele tentou qualquer ousadia. Definitivamente, não estava atraído por ela. A auto-estima que já não ia bem, foi ao chão quando passou por eles uma mulher linda, uma morena escultural. Márcia até resistiu ao chamado da inveja feminina, mas desabou de vez ao flagrar seu acompanhante olhando aquela deusa passar. Fuzilou a mocréia com todas as forças do seu ódio e despeito até que ela desapareceu no hall dos banheiros. Ao olhar novamente para ele, corou envergonhada, pois ele a observava, divertido. Saia justa total! Resolveu enfrentar:
- Bonitona, né?
Ele assentiu, pouco convicto.
Bom ator, pensou ela... Perguntou:
- Como é essa coisa entre os homens?
- Como assim?
- Sei lá! Quando você vê um homem atraente... o que olha?
- Hum! Não sei. Acho que observo a musculatura, os braços, o peitoral, a linha do rosto, os olhos...
- E quando vê uma mulher, como esta que acabou de passar?
- Ah! Tanta coisa! Olho a roupa, a maquiagem, os cabelos, os sapatos... Você reparou no salto quinze, ponta de agulha, que ela estava usando? Uau!
Fazer o quê? Eles já evoluíram muito! Não os queiramos iguais a nós.
Bom mesmo é a guerra dos sexos!
Melhor ainda: a confraternização entre os inimigos!! *
* Emprestando a frase de Henry Kissinger:
"Ninguém jamais vencerá a guerra dos sexos: há muita confraternização entre os inimigos."