Minhas mãos

Tenho mania de chamar de maindonce aquelas pessoas que derrubam tudo. É palavra inventada, já perceberam, né? Mistura de main – mão em francês – com once – onça afrancesada (só a palavra, não o animal). Tudo o que elas pegam cai no chão. Se estiverem lavando louça, batem a xícara na torneira e lá se vai uma asa ou fica com a borda lascada. Se for um copo, não tem jeito. Além de quebrar, espalha cacos por todo lugar. Dobrar roupas é sacrifício para elas, acabam embolando camisas que depois precisam repassar. E não me perguntem o que fazem com o ferro na mão. Devem queimar seus dedos de montão. Ao pegarem uma folha de papel, logo fica amassada, com as pontas viradas...

Eu não tenho essa deficiência em minha lista de defeitos. Consigo pegar tudo direitinho, e até fazer embrulhos bem bonitinhos. Mas logo de manhã, não sei porquê, elas cismam comigo. Acho que demoram pra acordar. Ficam furadas. Tenho que contar até dez antes de tocar no que é necessário arrumar para a mesa do café. Depois passa, elas voltam ao normal.

Mas os meus dedos, ai que trabalho me dão. Já ouviram falar em motricidade fina? Pois é. Tenho a maior dificuldade até pra pregar um botão!