Das Sombras à Luz

Publicado no Jornal Comércio da Franca

"Não há nada mais lindo do que as manhãs de abril e as

tardes de maio", dizia minha mãe...

Vamos então para mais um dia de caminhada, a rua está

muito linda nesta manhã de abril; enfeitada com as paineiras

do grande terreno da Samello e outra alí no vale dos Bagres.

Minha amiga e eu as contemplamos, a prosa corre solta,

brincamos dizendo que somos triatletas: andamos sempre,

corremos quando é preciso e se houver água a gente nada.

Nossa caminhada é duplamente terapêutica: beneficia a

ela nos seus problemas circulátórios, e a mim na hiperten-

são e na eterna briga com a balança.

Há muitos anos caminhamos e então se dá a segunda tera-

pia: a troca de idéias, a amizade verdadeira.

Algumas vezes outras vizinhas juntam-se a nós, mas como

elas têm crianças pequenas, alguns dias faltam. Ela e eu so-

mos diferentes em muitas coisas e iguais em outras tantas...

Nós duas gostamos muito de animais. Um dia desses, um

cãozinho que estava passeando na rua chegou perto dela,

e percebendo que conversava com ele, colocou as patas

em sua barriga para um agrado. Continuamos a caminhada

comentando a cena tão bonita. Eu já havia dito que essa

minha vizinha tem a proteção de São Francisco, porque to-

dos os animais se achegam à ela. Certa vez pegou cinco ga-

tinhos que estavam num terreno baldio e tratou deles até fi-

carem grandes.

Toda vez que estamos voltando da caminhada, ela para nu-

ma casa e faz um carinho no cãozinho que se chama PinK. E

asssim, com a simplicidade e a doçura dela, vou aprenden-

do muitas lições e nossa caminhada torna-se ágil e rápida.

Conforme mudam as estações, mudam as árvores da nossa

rua. Ontem, quando voltávamos, íamos louvando a Deus por

suas maravilhas. Eu dizia a ela que a manhã estava tão fres-

quinha que parecia haver ar condicionado; ela concordava:

o azul do céu com poucas nuvens estava um espetáculo.

Uma moradora, lá do começo da rua, caprichou e plantou flo-

res multicoloridas em seu jardim e tudo se tornou mesmo um

refrigério para nossa alma.

De repente minha vizinha olhou para baixo e encontrou um

objeto luminoso, achou que era um lacre de tampa de latinhas

mas viu que não, era um crucifixo de metal dourado.

Nossa emoção foi grande, sorrimos. Tínhamos louvado tanto,

tanto que Deus naquela Cruz, resolveu dar um sinal de sua

Graça!

Continuamos a caminhada e logo chegamos em nossas casas.

Ao nos despedirmos, ela me disse: _Não posso dividir a Cruz

com você, mas um pedaço é seu e outro meu. Chego em casa

contente e confiante naquele dia de tanta luz e nos outros co-

mo hoje e amanhã.

Parece que entendi naquela pequena Cruz a resposta em for-

ma de poesia há muitos anos e à qual dei o nome de LIBERDADE:

Ressuscita-nos Senhor

Como ressuscitaste da Cruz

Ressuscita-nos Bom Pastor

Transforma nossa vida em Luz

Leva-nos então à Galiléia

Nossos bairros e cidade

Faz de nós uma colméia

De amor e liberdade!

Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 30/08/2009
Código do texto: T1783236
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