O USO DE “MICHAEL JACKSON”
 
 

        
Como a vida se estampa absurda, surda...
 
Incapazes nós outros estarrecidos, mal podemos sentir a dor de te perder. De despedir da tua arte e da tua imagem neste século vinte e um do estupor, sem sabor e de cor turva.

A lembrança de cada instante teu de movimento concretizou uma escultura viva, crua, nua, estática no ar, na beleza e na genialidade, arte, ativa, cristalizada e pura.

A dor de te perder é incompreensível, maior que o entendimento. Como teve tal pai! Tal médico! Teu vôo era maior que tuas asas? Como conseguiste ser arte no centro da não arte! No anacrônico instante terminaste.
O maior não é compreendido pelo menor obscuro.

Na tua genial coreografia não criara tão incongruente ausente movimento final.

Saudades ainda não... Ainda só dor da incompreensão e da aceitação. Só posso ver-te estátua no apoio mínimo da ponta dos pés, joelhos dobrados e todo o conjunto em movimento ascendente, imponderável e belo.

DVD revisto é dor aberta, incompleta. Vídeo  bloqueado, guardado, esperando a cura do imprevisto e do esquecimento.