QUARTO DE ADOLESCENTE .
O combinado foi o seguinte : como minha filha e meu genro estavam trabalhando e minha mulher tinha ido a uma sessão de fisioterapia, coube a mim a agradável tarefa de buscar minha neta no colégio e levá-la pra casa para que, lá chegando, ela tomasse um bom banho morno para em seguida levá-la ao curso de inglês.
Não era uma tarefa difícil e eu me sentia perfeitamente capaz de realiza-la. Primeiro porque minha neta é um doce de pessoa e segundo porque, pelo fato dela ter almoçado na cantina da escola, eu não teria que me preocupar com comida para dois.
Seria simplesmente aguardar que ela tomasse banho, trocasse de roupa e, meia hora depois nós seguiríamos para o curso.
Entretanto, eu não fazia a menor ideia do que encontraria em casa e, sinceramente, deveria ter me preparado psicologicamente bem antes. Minha filha mora num apartamento que fica em cima da minha casa. É um apartamento confortavel, com dois quartos, sala, um bom banheiro e uma espaçosa cozinha. Tudo muito bem distribuído, muito limpo, com moveis e adornos de bom gosto.
Minhas surpresas começaram, ou melhor, meus sustos começaram no momento em que minha neta entrou no banheiro e de lá me gritou, pedindo que eu pendurasse a toalha de banho na porta, visto que por um descuido (coisa que não era raro de acontecer) ela tinha esquecido de levar para o banho.
Abri a porta do quarto da minha princesa assim meio de sopetão. Não deveria ter feito isso. A visão que eu tive foi idêntica a de um terreno devastado por um terremoto.
Peças de roupa espalhadas, ventilador de teto ligado, cama por fazer enfim, uma barafunda que meteu medo, tive realmente receio de me perder no meio daquela tralha toda.
Ao entrar, sem me preocupar em olhar para o chão, tropecei numa coisa de plástico, que eu soube posteriormente que era um aparelho celular. Tudo bem, eu só tinha que pegar a toalha, fechar a porta e pronto. A questão era : onde estava a toalha de banho ?
Refeito do choque inicial, bati levemente na porta do banheiro e perguntei a minha querida onde ela guardava as toalhas. Ela me respondeu alguma coisa parecida com gavetas dentro do armário de roupas. Claro, só poderia estar ali´.
Tomando todo o cuidado, pisando na ponta dos pés, fui até o guarda roupa e abri a porta, sem nenhum aviso prévio, sem estar preparado para levar mais sustos. Simplesmente, na minha cabeça caiu uma enorme coleção de bonecas e bichos de pelúcia e até um amontoado de roupas que, soube mais tarde, deveriam ter ido para o cesto de roupas que fica no banheiro.
Vi várias coisas no armário, menos a toalha. Abri a outra porta e uma imensidão de sapatos, tênis e chinelos se esparramou no chão, muito parecido com aquela lava quando escorre de um vulcão. Também não vi nada parecido com toalhas.
Tomando todo o cuidado para não tropeçar em nada, sai e bati levemente na porta do banheiro, pedindo informações mais seguras e precisas sobre onde eram guardadas as toalhas. Minha neta respondeu que já estava quase acabando de tomar banho e que, talvez as toalhas estivessem guardadas no quarto da mãe.
De fato, abrindo um dos móveis do quarto da minha filha, encontrei uma pilha de toalhas muito bem dobradas e perfumadas. Não foi difícil escolher uma e pendurar na porta do banheiro.
Nisso, escuto o barulho de um telefone e também não foi difícil perceber que o barulho vinha do quarto da princezinha. Mas, eu só conseguia ouvir o barulho, que aliás era um ruído chato e frenético. Debaixo de todas aquelas tralhas e coisas espalhadas era impossível achar o telefone sem fio. Só com um mapa.
Quando finalmente consegui encontra-lo, quem estava do outro lado da linha desistiu e desligou. Neste ponto, exatamente neste ponto, minha neta entra no quarto enrolada numa outra toalha (quer dizer, a que eu tinha pendurado na porta do banheiro continuava no mesmo lugar) e levou um susto.
Olhou pra mim com ar de reprovação e me disse , imitando a voz de uma senhora zangada que eu tinha feito a maior bagunça no quarto dela e que assim que ela acabasse de se vestir, eu deveria arrumar tudo que eu tinha bagunçado.
Olhei pra ela, respirei fundo, e disse que tudo bem, eu até poderia arrumar, mas, precisaria de um ou dois dias e mesmo assim, só poderia trabalhar na arrumação se ela de vez em quando me servisse cerveja gelada e alguns pasteizinhos fritos na hora. Claro que ela não concordou.....
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.....só para esclarecer : o quarto da minha neta estava bagunçado porque, como ela estava numa semana de provas, não tinha tido tempo de arrumá-lo.
Prometeu fazê-lo no próximo fim de semana , entretanto, a bagunça que eu fizera, eu mesmo teria de arrumar.....
(.....imagem google.....)