CAÇADOR

São muitas as coisas que me intrigam no que diz respeito à mente humana, mas sem dúvida alguma a que mais me desperta mais interesse é a perversidade. Incrível ver como reagimos espantados diante de nossos próprios paradoxos. A perversidade é inata, está em todos sem exceção, em mim, em você, num terrorista, no Papa, todos temos em comum essa mesma ferocidade, esse mesma sede insaciável de sangue, de dor, de vida.

Sim, de fato, todos nós queremos nos sentir vivos de uma maneira boa, mas sempre somos impelidos a buscar saciedade de maneiras más. Ah, e como é bom! Como é bom ser mal, só um pouquinho, ser errado, por um momento que seja, e poder sentir esse doce veneno correr em nossas veias, entorpecer nossos sentidos e nos fazer sentir grandes, poderosos, plenos de um prazer tão puro que nada se pode igualar.

Sabem, sempre me fascinou aquele que tem coragem de sentir plenamente, de viver sem os ditames da culpa, os id libertos de todo o medo e prudência, seres que são apenas desejo, desejo e vida, que corrompem, que obsedam, que destroem. Porém calma, meu caros, não se assustem, não sou eu um caçador, não ambiciono suas almas ou sua dor, não se preocupem – ainda - por agora estou por demais ocupado escrevendo sobre coisas vis para praticá-las. Embora, um pouco de exercício não me fizesse mal, quem sabe com experiência não fluísse melhor meu discurso, não sei, é algo a se pensar... BRINCADEIRA.

Mas falando sério agora, certa vez conheci um caçador, o observei durante meses antes que ele cometesse um erro e fosse pego, sabem, os caçadores não costumam ser muito discretos, não por desleixo ou soberba, como muitos pensam, é que apenas eles não vivem no mesmo mundo que o nosso, não encontram sentido algum na contenção.

O engraçado é que realmente não há nenhum.

Caterine Araújo
Enviado por Caterine Araújo em 30/08/2009
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