HIPNOSE

Tem um “quê” de retorno em seus olhos. Pode ser volta ou adeus. Quero que volte de vez ou feche a porta com trinco, para não ter possibilidades de retorno e nem de arrombamentos súbitos.

Você me beijou diferente ontem a noite... o tempo passou enquanto estivemos separados. Sua saliva está mais doce e regou minha boca que tinha sede. Eu fiquei de pernas bambas, como nunca fiquei antes. Será o excesso de saudades? Será o acumulo de amor?

Estou com saudades de você, mas sem vontade de sufocar e ficar estatelada na frente do telefone, esperando sua ligação. É saudade de permanecer nos seus sonhos, seus projetos e da delicada lágrima de amor que, eventualmente, escorre de teu coração. Saudade de me permitir te chamar de amor e ocultar de vez a máscara da pura amizade.

Eu quero ser sua de corpo, porque de alma já sou desde que te conheci. Minha alma presa a você e eu nunca quis fugir.

Mas meu corpo é seu! Porque mentir? Você já me teve entre seus dentes e faz de mim o que quiser e eu nunca quis o contrário.

Ainda assim você insiste em nos chamar de amigos... Insiste em beijar outras bocas e permitir que eu vaguei em outros corpos que não são o seu. E o tempo passa, o amor aspira tantas historias contadas e vividas, as paixões acontecem.

(E você insiste em nos chamar, ainda, de amigos).

Eu não quero te pedir abrigo. Eu sou sua. Nem colo, cuidado, apreço, arrego. Eu sou sua. Simplesmente sua e basta.

Eu não quero te pedir nada porque amor não é pedido, não tem “senãos”. Ama-se e pronto, já está incluído humilde e voluntária doação. Eu te amo. Desse jeito, quieto, com medo, tímido, diferente, único, dono de rompantes passionais e viradas espetaculares, capaz de romper dentro de mim as travas de minha inconseqüência. Amo-o comigo e também por trás da porta. Amo-o como veio ao mundo e como o mundo te transformou. Amo-o com o que fez em mim e como o que eu fiz de você: menino.

Cuida de mim por detrás dos óculos. Cuida para que eu não voe com o vento de verão e desapareça no meio do mar, com teu nome travado na minha garganta.