INSTANTE SEM TREGUAS

Hoje derramei nove mil lágrimas por você. Rompi a promessa de não chorar mais e nem sequer lamentar. Mas às vezes eu rompo promessas, tais como de fazer dietas e parar de fumar, também não consigo cessar o amor que sinto por você.

Fiquei tão abalada que não voltei mais ao normal, se é que tenho um “normal”. Ser intenso é um castigo de várias encarnações de pecados e julho meu sinal de nascença como uma marca de intensidade eterna.

Vou escrever mais nove mil vezes no meu diário que não devo chorar, não devo chorar, não devo chorar... Estarei tão cansada no final que meu corpo se anestesiará. Mas agora, meus olhos estão inchados.

Eu tive um ciúme velado, eu sei, que cortou mais que sete pontas de facas. Então gritei forte para cortar de vez a carne safada de ciumenta tosca. Mas se há amor, o que será de mim, tola poeta? E se há amor (talvez ele exista), vou te querer por perto mesmo que esse perto seja só onírico.

Então, te amo e rompo de vez essa clausura de prantos ou justifico de vez.

Não me lembro muito bem os detalhes, apenas as cores. Queria lembrar do teu rosto para não recorrer as fotos. As fotos mentem e prendem espíritos inquietos.

Você é vivo demais para não ter movimentos.

Acho que vou chorar, chegou aquela hora piegas e morrer de saudades, culpas, medos, amor faz toda a diferença.

Porque se eu chorar, e eu preciso chorar, pode ser que você se vá. Mas pode ser que fique para sempre também.