O Diabo, Deus ou Dionísio?
O Diabo é o bicho mais esquisito do mundo. Todo mundo (ou todo o mundo) o detesta. Ele é o revoltado da civilização ocidental. Todos são contra ele. Eu, pra falar a verdade, não entendo o porquê, já que a mim, ele nunca fez mal algum.
O Diabo, às vezes, me parece, mais uma metáfora - do sofrimento, daquilo que não queremos reconhecer. E o sofrimento é o pai da tristeza; que disfarçamos, clamando para seu oposto - Deus. Pra mim, não importa, quero viver minha vida, com ou sem diabo.
Se viver a vida, significa ser um pouco louco, porque os loucos também amam, então, até gosto um pouco desse bicho chamado diabo. A oração, tenta lhe apagar, mas, às vezes, apagando, nos enganamos. Porque o tal do demônio não existe mesmo. Não sei porque se fala tanto dele.
O demônio está menos fora de nós. Ele até nos aparece (às vezes, até parece com alguns), não sob forma de pessoa, porque isso é coisa de doido, já que ele não é um ser físico. Se fosse, estaríamos ferrados, porque aí, sim não poderíamos pecar. Mas, ele está sob forma de fantasma. E é engraçado que o tal do diabo só é por nós convocado, quando rejeitamos determinadas violações. Outras, que, que nós admitimos, não nos espanta, já que estamos com a consciência limpa. Ou seja, se o tal do diabo existisse mesmo, ele não seria por nós convocado, ele aparecia, como de relance. Ainda bem que ele não existe mesmo, porque se não a alma de muitos já seria condenada ao torrente fogaréu do inferno.
Mas, ele não existe, talvez porque não seja uma alma penada, porque alma não tem pena. Alma, dos que já morreram, terá pena de quê? Alma penada, já tá do outro lado da vida, e se ela fosse ocupada, não desceria a terra, porque deveria está trabalhando, e não atrapalhando na vida já é cheia de tribulações.
A vida não foi feita pra se sofrer, embora, dela, só possamos afirmar que exista mesmo um sofrimento. A vida foi feita pra se reinar na alegria, porque é da festa que podemos nos maravilhar.
Diabo, pra bem da verdade não existe mesmo. Embora, ele seja associado à tudo que de mau (ou bom?), pode a vida nos trazer, como os vícios da carne, ou os vícios da bebida. Porque não, um pileque, de vez em quando? Pra quê se privar, se a vida é tão curta? Pra que se encurtar, se a vida é tão difícil? Esse diabo atrapalha mesmo as coisas. Os mau da carne ele insulta? Hum...não gosto dele não...
Bom mesmo, é não maltratar o diabo, porque se ele é o senhor da culpa, somente os culpados o elogiam.
Quem, de verdade, gosta de viver, não sobrevive, à luz da penitência. A vida foi feita pra se viver, como o cheiro das plantas, ou o ar da natureza, ou mesmo o vôo do passarinho. Diabo, vamos deixar ele quieto, porque a obrigação, é coisa paterna, e é divina, por isso, Deus não precisa existir pelo amedrontamento do seu adversário. Deus, existe, nas coisas mais simples da vida.
Deus existe na Alegria. E, vejo mesmo, que, Dionísio, que não era propriamente um Deus, alegrava os deuses. Porque era o ator da alegria, e, como toda fortuna, vem de uma tragédia, ele também tinha seu sofrimento. Mas não cultivava o sofrimento, porque assim seria partidário do capeta. Ele cultivava mesmo, era a diversão, porque não devia a fantasma nenhum. Quanto menos ele se privava dos castigos do capeta, mas ele se aproximava do sagrado de Deus. Era um filho pródigo de Deus, porque tinha amizade com o prazer.
Cultuemos Dionísio, o princípe dos deuses.