DRIBLANDO A MORTE!

A vida nos apronta cada uma!...Ou seremos nós que aprontamos com ela? Senão vejamos. Quando nos sentimos bem, sem nenhuma dor, muito menos qualquer mal-estar, amiúde esquecemos de agradecer, diariamente, ao nosso Supremo Criador por essa dádiva maravilhosa que é a saúde ou fazermos por onde conservá-la, precavendo-nos do abuso dos alimentos ou da sua carência. Sendo assim, quando menos esperamos, seja qual for o motivo, uma doença qualquer surge em nossa vida e aí sentiremos o chão fugir aos nossos pés, deixando-nos num situação de total impotência. A partir de uma situação assim, à nossa revelia, passamos a depender da ajuda e boa vontade dos parentes e amigos e, em seguida, dos médicos e enfermeiros, etc. Em momentos assim, a nossa vida fica totalmente revirada, sem sentido, pois todos os compromissos ficarão postergados e...olhe lá, irrealizáveis!...

Talvez por já ter trabalhado durante alguns anos num renomado Hospital dessa São Paulo gigantesca, portanto, cônscio da rotina de um ambiente lúgubre como esse, trago no meu âmago, antes de mais nada, um respeito pela classe médica, porém envolto de uma desconfiança. Tanto assim que, não é nenhuma dor qualquer que me leva a procurar um consultório médico e muito menos um hospital. Sobre esse assunto, chego a concordar com quem escreveu o seguinte: “As árvores são como as pessoas: nascem, crescem, mas como não têm pés para ir ao médico, vivem muito mais!...” Essa advertência aos hipocondríacos não me atingiu, pois, graças a Deus não o sou. Mesmo assim, levei-a em consideração porque achei quem tem lógica.

Mesmo assim, esquivando-me de certa forma de hospitais, alguns atrás, não tive outro meio, senão ser internado num desses nosocômios. Após ser vítima de uma anemia crônica, fui obrigado a fazer um périplo por esses locais. Em cada um deles, um médico parecia “chutar” um diagnóstico diferente para o meu péssimo estado físico. E nada de recuperar a minha saúde. Parecia até que estava piorando. Tudo indicava que eu estava sendo atendido por maus médicos. Só que os bons e competentes existem. O difícil é encontrá-los. Prova é, que Deus pôs no meu caminho uma exímia cardiologista (e veja só como tem sentido o ditado popular “Deus escreve direito por linhas tortas”, pois naquela triste circunstância, eu não tinha nenhum problema cardíaco, graças a Deus). O certo é que, num abrir de olhos, literalmente, aquela “santa” Doutora detectou a terrível doença que me consumia. Pois, tão logo examinou os exames preliminares que ela solicitou, providenciou a minha internação, incontinenti. Resumindo: fui levado a uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um renomado Hospital e mesmo assim, a equipe médica ficou tão perplexa e incrédula quanto o meu péssimo estado que tentou prevenir a minha esposa para se preparar, em todos os sentidos, para o pior. Não é nem necessário dizer o quanto ela ficou angustiada, preocupada, apavorada com aquela má notícia. Imediatamente, procurou tramití-la aos demais familiares. Notícia essa que chegou tão deturpada lá no meu longínquo torrão natal que os familiares chegaram até providenciar uma missa, acredite se quiser, por intenção da minha alma. Coincidência ou não, o certo é que, mediante a minha fé na intercessão Divina e confiança no meu Anjo da Guarda, durante a madrugada, fui despertado por uma força inexplicável e misteriosa, deixando-me bem consciente de tudo que acontecia ao meu redor e sentindo, obviamente melhor, tanto assim, que relutei quando alguém tentou cortar o meu cabelo e fazer a minha barba, o que pressenti, com tal atitude, como um prenúncio de uma preparação prévia de uma morte anunciada. Logo na primeira visita médica, o chefe da equipe ficou simplesmente abismado, boquiaberto quanto a minha súbita recuperação. Então, já suspendeu alguns medicamentos previstos para aplicação, inclusive, logo a seguir, foi providenciada a minha transferência para um quarto de enfermaria. Aqui sim, eu poderia ir ao banheiro e fazer algo que mais gosto: ler um bom livro. E foi o que eu fiz. Sendo assim, durante os poucos dias que ali fiquei, um dos médicos da equipe me falou uma coisa que jamais esquecerei:

-“Sinceramente, durante todo esse tempo que trabalho aqui, jamais presenciei um caso assim de uma recuperção tão rápida quanto a sua. Até o mais ferrenho agnóstico daria a mão a palmatória e achando que você é uma pessoa predestinada. Parece que Deus preparou algo maravilhoso na sua vida. Parabéns e bom proveito!”

Portanto, posso até ter driblado a morte, já que o médico já a havia previsto com base no meu estado exangue ao dar entrada naquela UTI, só que Deus é maior e só Ele sabe a hora em que deixaremos esse mundo. Enquanto isso não acontece, só resta catarolar com o famoso sambista: “Deixa a vida me levar, vida leva eu...”

João Bosco de Andrade Araújo

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Enviado por JOBOSCAN em 28/08/2009
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