Não há como não sujar as mãos...
Águida Hettwer
Acostumei-me a carregar mais do que preciso, ando feito um depósito ambulante, para sanar a qualquer emergência. Caminhei alguns passos, mas a sensação de ter esquecido algo me acompanhava e fazia-me sombras. E justamente uma de minhas pastas de “estimação” havia esquecido em sala de aula.
Retornei e como quem recebe um “não” bem no meio da cara, os portões já estavam fechados. Não me dando por vencida, chamei, acenei, apertei a campainha, na esperança de resgatar o meu pertence. Enquanto isso, eu senti algo peludo rodeando minhas pernas. Um simpático e carinhoso felino perdido da vizinhança fez-me companhia. Trocamos alguns afetos e continuei com minha incessante busca.
O guarda finalmente atendeu meu pedido, corri e resgatei minha pasta. Feliz da vida segui o meu rumo. Fez-me meditar, sobre as escolhas, mudanças e atalhos no decorrer da caminhada. Quantas vezes procuramos saída de alguma situação, e encontramos portas trancafiadas. E pessoas desestimuladas, que fazem questão de “puxar o tapete” para ver o estrondo e o impacto do corpo estendido ao chão.
Seria mais cômodo desistir, no primeiro obstáculo á vista. Ou deixar pra lá, afinal, não tinha nada de tão valioso. E assim nos acostumamos a segundo plano, a migalhas, o deixar para depois, do inverno, do verão, dos cinqüenta anos. Como se para ser feliz, tivéssemos que estar no meio de holofotes e luzes coloridas.
O que seria das velas, se não existisse escuridão, para ser anulada, com um simples acender de um fósforo. O que diria então, o pai e a mãe, quando o filho, apenas balbucia, em linguagem desconhecida na tentativa de comunicação. Há erros, que remediam as verdades, amenizam dores. Cultivam-se em solo fértil a esperança de mudança e trajetória de vida com êxito.
Não há perfeição sem erros, sem lutas e ações. Para pintar uma tela, branca e fria, não há como não sujar as mãos e encardir as unhas. Na vida não há como ser mestre, sem ter a humildade de ser aluno aprendiz.
28.08.2009
Águida Hettwer
Acostumei-me a carregar mais do que preciso, ando feito um depósito ambulante, para sanar a qualquer emergência. Caminhei alguns passos, mas a sensação de ter esquecido algo me acompanhava e fazia-me sombras. E justamente uma de minhas pastas de “estimação” havia esquecido em sala de aula.
Retornei e como quem recebe um “não” bem no meio da cara, os portões já estavam fechados. Não me dando por vencida, chamei, acenei, apertei a campainha, na esperança de resgatar o meu pertence. Enquanto isso, eu senti algo peludo rodeando minhas pernas. Um simpático e carinhoso felino perdido da vizinhança fez-me companhia. Trocamos alguns afetos e continuei com minha incessante busca.
O guarda finalmente atendeu meu pedido, corri e resgatei minha pasta. Feliz da vida segui o meu rumo. Fez-me meditar, sobre as escolhas, mudanças e atalhos no decorrer da caminhada. Quantas vezes procuramos saída de alguma situação, e encontramos portas trancafiadas. E pessoas desestimuladas, que fazem questão de “puxar o tapete” para ver o estrondo e o impacto do corpo estendido ao chão.
Seria mais cômodo desistir, no primeiro obstáculo á vista. Ou deixar pra lá, afinal, não tinha nada de tão valioso. E assim nos acostumamos a segundo plano, a migalhas, o deixar para depois, do inverno, do verão, dos cinqüenta anos. Como se para ser feliz, tivéssemos que estar no meio de holofotes e luzes coloridas.
O que seria das velas, se não existisse escuridão, para ser anulada, com um simples acender de um fósforo. O que diria então, o pai e a mãe, quando o filho, apenas balbucia, em linguagem desconhecida na tentativa de comunicação. Há erros, que remediam as verdades, amenizam dores. Cultivam-se em solo fértil a esperança de mudança e trajetória de vida com êxito.
Não há perfeição sem erros, sem lutas e ações. Para pintar uma tela, branca e fria, não há como não sujar as mãos e encardir as unhas. Na vida não há como ser mestre, sem ter a humildade de ser aluno aprendiz.
28.08.2009