Edward Moore Kennedy ou "Ted"
Não há muito a se dizer aqui; isto ficará a cargo da imprensa, dos cientistas políticos, dos biógrafos, dos renomados escritores, dos cineastas, dos artistas plásticos ... Todos, para este fim, já dispoem e se apressam a reunir novos dados, ainda hoje e nos tantos anos por vir.
Certo. Não há isenção de controvérsias em torno do personagem. Entretanto, no momento, cabe ao Senador Edward Kennedy a homenagem. Ele, o segundo mais antigo congressista norte-americano e último dos irmãos da poderosa família Kennedy, faleceu aos 27 de agosto próximo passado. Com os irmãos, firmou nome que se tornou ícone naquela potente nação do norte. Fez história e será lembrado, agora e sempre.
Mas, por que estaria eu consagrando esta página ao "Ted", ou "Teddy", para os que gozam de mais intimidade? Direi no final. Antes, porém, prossigo com alguns fatos, ora mais, ora menos relevantes, que poderiam ter influenciado a vontade de não deixar passar em branco o assunto de fundo.
Martha's Vineyard não me é estranha. Pude conhecer e explorar aquela paradisíaca ilha. É ela cuna, ou, diria, é o natural "habitat" dos Kennedy.
Igualmente, estive repetidas vezes em outras partes do Cap Cod. Ali se situa o "Hyannis Port Historic District" ou "Kennedy Compound", local em que faleceu o Senador. Trata-se de vasta área de condomínio privado, de propriedade da tradicional família, e que será adaptada para sediar um centro de educação e um museu.
Ainda, em Boston, para onde o corpo já foi trasladado, residi alguns anos e foi onde meus filhos estudaram e concluíram seus primeiros cursos acadêmicos. Ali nasceu Ted; seus irmãos, também. Conheço a forte relação que une a cidade aos membros da notável dinastia. Sei, portanto, do pesar que paira sobre os bostonianos e os integrantes das comunidades adjacentes àquela Capital.
Os cidadãos de Martha's Vineyard, de Hayannis e de Boston não somente lamentam e veneram a personalidade de projeção nacional e internacional, cujo peito cessou seu pulsar para por termo a uma existência de 77 anos. Aquele extrato do povo americano, assim como os demais compatriotas se entristecem pela perda de um dos seus membros: filho de um bilionário, que, malgrado suas eventuais falhas de conduta de caráter privado, ao descobrir a vocação para as funções públicas a ela se entregou com honradez e honestidade; lutou pelas causas as mais árduas e nobres em benefício dos menos favorecidos; e jamais se viu colhido em crimes de lesa-pátria ou de atitude dúbia em relação ao povo e ao erário público. Ele respeitava a posição que ocupava, respeitava o indivíduo ... respeitava a si mesmo.
Ora, a que me prestaria agora nestas linhas? Não sou cidadão norte-americano e tampouco sou natural de Cap Cod ou de Massachusetts. Pois bem! É que trago o coração em prantos. As notícias que chegam daí do sul não são de conformidade, nem se assemelham, sequer guardam meras coincidências com estas que fazem manchete hoje por toda parte. Enquanto o mundo inteiro louva a honrosa trajetória de um político que, antes de se despedir consignou a seus herdeiros e a sua nação brio e orgulho, eu, cidadão brasileiro, permaneço despojado de dignidade ... vivo indefinidamente de luto! E, por favor, não me perguntem por que.