DELICIA DO NORDESTE
Ele tem gosto de fruta. É meio agridoce, palatável, sua cor é viva, seu cheiro é forte.
Eu gosto de devora-lo porque não sei se amanha ele fará parte de minha vida, não sei se vai atiçar meus instintos ou se será apenas candura. Gosto de chupar o osso e deflagrar seu dorso, impune aos efeitos do tempo, porque seu tempo é amanha.
Eu gosto mesmo é de estar por cima. Ou por baixo, de lado, de frente, de costas, onde der vontade. Onde der.
Eu gosto do completo, do inteiro, do fogo que ele emana em seus poros. Gosto dos seus pelos ou da ausência deles. Gosto de suas alcunhas, fissuras, marcas, manhas, possibilidades, erros, barganhas.
Ele tem um jeito que nem sei o que é, tão simples, tão provável, tão difícil de encontrar em qualquer lugar e que fica, inexplicavelmente perfeito, quando está dentro de mim.