SEM DEFESA
Ele me olha dentro dos olhos, tão fundo que chega ao estomago. Eu retribuo cinicamente. Sinto calafrios quando ele me penetra com seu olhar, mas me mantenho firme, enfrentando sua força tão improvável.
Ele tem uma magnitude nas mãos que me entorpece. Quando estou perto fico tremula e não disfarço. Para que? Não tenho medos, tenho desejos, tenho portas abertas, tenho possibilidades e tantas e tantas vontades que basta fechar os olhos e me permitir.
Eu o quero por perto. Dentro de mim, com os olhos, as mãos, o que puder estar por dentro. Quero sua alma bem próxima a minha. Eu o quero. Como se quer um presente, um sonho, um doce. Quero seu corpo, seu sorriso, seu olhar fixo nos meus e se esquivando um pouco, não por medo, mas por charme. Um charme inospio, um quê de criança e homem além de tudo o que se respira.
Além, quero ele além de mim, lá longe de onde já foram. Quero ele mais que tudo o que passou. Quero tanto que nem sei dizer o que é isso, nem sei dizer o que me suspira, o que me extasia, o que me prende a tanto.
Ele me olha tanto, de todos os jeitos, em todos os sentidos, até de olhos fechados. Me caça, sente meu cheiro e me provoca. Me possui como um bicho, me puxa pelo cabelo, me devora. Me detém como um cárcere de desejo e macula.
Eu soluço, tremo, esperneio, envaideço, amoleço. E não quero fugir.