A MORTE PEDE PASSAGEM!

Não! - certamente ainda não era a hora!

Ele não estaria pronto para a partida; talvez pensasse que alguém o encontraria e pelo caminho, uma mão se estenderia...

A tarde veio, chuvosa, junto com ela o frio do entardecer e a noite se fez, ele viu-se de longe, imaginou não ser visto, nem tentou se esconder.

Os que por ele passaram, e as mãos ocultaram, viram de longe a esfinge miserável e triste, pela sombra da noite ocultada, fingiram não perceber.

As lágrimas, concorriam com a miséria do abandono, marcada na carne tão escassa sobre a ossada à vista.

Era ele, de covarde rudeza, sem querer demonstrar, alento aos apelos

dos que com ele viviam, que cansados dos desmando, desdém e desvalidos, cada um a seu gosto e modo,encontraram uma saída.

Hoje jaz, seu corpo inerte, há, por certo os, que lamente.

Os que se curvam diante da consumada miséria completa, certamente

por instantes, nesta homenagem final, lamentam não ter o "tal", lutado com fibra e raça, superando e suprimindo a ferida.

Este é um fim lacônico. Poderia ser diferente, afinal a "vida" é o bem, menos durável, se cultivado e regado, não for!

Cida Cortes
Enviado por Cida Cortes em 27/08/2009
Reeditado em 27/08/2009
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