O dia do Psicólogo

DIA DO PSICÓLOGO – 27/Agosto

Uma colega tem me desancado por estar falando que Psicólogo não pode fazer qualquer coisa pelo seu cliente. Isto dito num auditório, ainda que não muito cheio!

Confesso, ao final, agravei as coisas, arrematando: “e se as pessoas fizerem uma pequena coisa, aí sim, não se vai mais precisar de Psicólogo”. Foi a gota d’água. Ela tem todo o motivo para estar zangada: São cinco anos de curso, estágios, especializações, noites e noites de estudos, terapias, supervisões, indagações infindáveis. O descaso das instituições, o preconceito, a má remuneração.

Seria mais indicado estar a propagar a ciência, seus alcances terapêuticos e o quanto o Psicólogo é importante no mundo moderno, a vida tão estressante, seguidamente ameaçando emergir uma fatalidade!

Quão proveitoso seria assinalar a presença do Psicólogo nas creches, cuidando do crescimento natural das crianças, cujas mães trabalham para a complementação da renda familiar e a riqueza do País. A lida nas escolas, orientando carreiras, minimizando agruras da transição adolescente. O penoso labor nas Unidades de Saúde e Ambulatórios, assistindo ao desfile interminável de “neuroses situacionais”. A dolorosa presença nos Hospitais Psiquiátricos. O recolhimento nos asilos ao lado de leitos terminais. O choro alegre das maternidades, anunciando novas vidas. O inescrutável desejo de reabilitar crianças estigmatizadas por deficiências, desviantes judiciários, dependentes de toda ordem.

É marcante a contribuição do Psicólogo para o mundo produtivo. A indicação adequada do trabalhador. As consultorias, os treinamentos. Os procedimentos motivacionais, a elevação da estima, a preservação das relações interpessoais. O consolo demissional.

O ovacionar das platéias. E o “glamour” do divã ?

Não, não falei nada disso! Preferi dizer que se priorizassemos a pessoa e não as estatísticas, os projetos; se reconhecessemos a capacidade da pessoa gerir a própria vida, respeitando a sua diversidade; se fosse possível abafarmos os preconceitos; se ouvíssemos o outro, sem pré-julgá-lo; se abdicássemos da tentação de corromper, discriminar, injustiçar, privar a liberdade; se fizéssemos tudo isso, o mundo não precisaria de Psicólogo. Mas ... A minha colega tem razão. O Psicólogo é um profissional necessário!

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 27/08/2009
Reeditado em 01/09/2009
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