O canário

Quando eu era criança o meu pai possuía um lindo canário , amarelinho. Para ele, era mais que um canário, era um companheiro . Eu adorava ouvi-lo cantar, mas o canarinho, por sua vez, não gostava da gaiola.

Descobri que o seu canto ,que eu tanto admirava, não era jubilo pela vida ,ao contrário era um extravasamento da dor que sentia na torturante prisão .

Um dia resolvi soltá-lo. Abri a porta e peguei-o nas mãos. Ele olhava para mim encantado, confiante dos meus cuidados e eu quase nem acreditava que estava afagando suas lindas penas amarelas. Entendi que a partir dali ele jamais voltaria à gaiola.Arrumei com isso uma baita confusão em casa. Fui severamente repreendida, mas não trocaria a experiência de tê-lo em minhas mãos naquele momento mágico , por nada nesse mundo.

Durante os poucos instantes que o canário esteve comigo , trocamos confidências, fizemos planos. Planejávamos fugir juntos e conhecer o mundo. Foi lindo!

Mas ele queria liberdade, voar alto, bem longe e isso eu não poderia fazer . Ele foi em busca do seu sonho, não sem antes confortar o meu coração , prometeu voltar sempre e não me decepcionou.Quando eu menos espero ele aparece na minha janela cantarolando uma canção para alegrar o meu dia.

O canário foi o meu primeiro namorado. É livre, mas me ama e por isso sempre volta para me visitar.

Luciana Netto
Enviado por Luciana Netto em 26/08/2009
Reeditado em 21/11/2010
Código do texto: T1776030
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