O exercício de liderança

Como já tive a oportunidade de mostrar quais os quesitos e as razões para que se possa haver a formação de um líder (a crônica: A determinação de um líder), decidi discutir mais detalhadamente a respeito da maneira de agirmos, sempre que tivermos pela frente a necessidade de exercermos um trabalho de liderança, para que tenhamos a chance de conduzir a contento nossa missão, determinada pelo destino. Isto poderá acontecer muitas vezes em nossas vidas, e será nesses momentos é que teremos de agir com cuidado e sabedoria na forma da “pilotagem” de certas situações, porque poderemos vir a comprometer nossa própria qualidade de vida e a de outras criaturas, que possam estar sob nossa responsabilidade.

Acredito que muitos já perceberam qual seria o exemplo mais marcante, pela proximidade e pela influência mais direta e missionária que o evento exige, ou seja, a posição de pai, seja de filho único, ou então de uma grande prole. Vejam que são condições impostas pela própria natureza, onde passamos a ter a incumbência de exercitarmos o papel de comando, de maneira que o andamento da convivência familiar não saia dos trilhos, seja por excesso ou por omissão. O problema que encontramos com grande frequência é a falta de preparo e de capacidade das pessoas em cumprirem essa missão de liderança, pois é uma função que requer uma série de qualidades, inerentes àqueles que possuem uma individualidade de alto nível, capaz de impor docilmente sua personalidade pela força da sabedoria, sem necessariamente ter que apelar para a violência física, a coerção psicológica ou a imposição pela “hierarquia”. Como a sabedoria só se adquire após muito conhecimento, constantes experiências e muitas análises de resultados, o que demanda um espírito de busca avançado, o exercício de paternidade pode se tornar algo extremamente penoso, ou então descambar de vez em problemas de conflitos eternos, até o final dos tempos.

Muitos pais apoiam-se na questão do amor paternal para justificarem a fraqueza de se deixarem dominar pelos desejos dos filhos, a ponto de perderem completamente as rédeas da harmonia familiar, o que ocasiona, com absoluta certeza, na inversão do comando do lar, que passa a ser exercido de acordo com as vontades e os caprichos filiais. Isto é péssimo, porque esses jovens vão perdendo a noção de limites, que poderá acarretar, com o passar do tempo, em um processo de dissolução do casamento dos genitores, na maioria das vezes com a quebra de vínculo social entre pais e filhos, de forma definitiva, com a agravante de se criar assim jovens despreparados para ultrapassarem problemas que os contrariem, por falta de força de caráter. Qualquer pequena adversidade para alguém assim transforma-se em terrível obstáculo, o que o torna um eterno perdedor.

O nosso Pai Celestial, que é a essência divina do amor universal, ao mesmo tempo em que é o comandante supremo de tudo, age conosco de forma absolutamente perfeita, sempre na concordância do mérito de cada um, dentro dos ditames das leis divinas e da justiça absoluta. Assim nós recebemos graças ou desgraças, de acordo com aquilo que merecemos, sem tirar nem pôr, o que nos irá moldando para o necessário crescimento espiritual e fortalecimento da caminhada rumo à iluminação, tudo isso sob a Sua liderança.

O pai líder é aquele que, por amor, mantém a harmonia familiar pela autoridade natural, dentro dos parâmetros justos, premiando as ações positivas e condenando as negativas, sempre com o intento de mostrar onde estão os valores que propiciam o crescimento individual, o fortalecimento da personalidade e a conquista da sabedoria. O pai líder tem que saber dosar o uso do “sim” e do “não”, a todo momento que for decidir por eventos que sejam benéficos ou não ao destino do filho, para isso é necessário que ele seja respeitado como tal, pela reciprocidade do respeito que ele dispensar ao filho. O caminho essencial para um pai manter sua liderança está no exercício do exemplo de conduta, que é a melhor maneira de preparar o futuro cidadão para o enfrentamento dos percalços da vida, mantendo-o sempre como um vencedor. _É uma pena que, hoje, isso está apenas no campo da utopia!

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 26/08/2009
Reeditado em 29/08/2009
Código do texto: T1775982