ARTISTA OU FIGURANTE?

Figurante é alguém que faz parte de um cenário sem falar e sem interferir na cena. O figurante tem seus minutos de fama e dependendo de onde esteja atuando esta fama pode ter um grau maior ou menor. Alguns figurantes que se agarraram a esta oportunidade de aparecer embora de relance se tornaram capa de revistas, modelos, enfim artistas. Sorte ou competência? Não está em jogo refletir agora sobre isto.

Na verdade o papel de figurante não é tão compensador como o papel do artista. O artista aquele que se dedica à arte tem um valor, um destaque, uma importância especial. O artista diferentemente do figurante, se expressa através da interpretação que é concretizada na pintura, na música, no escrito, na escultura ou em qualquer outra forma onde a emoção, a percepção, a comunicação, o pensamento, o dom, transcende. Ultrapassa da tela, da madeira, do papel para mexer com o abstrato, com o espírito do homem.

A posição deste homem no mundo, muitas vezes é de artista e outras de figurante. O artista tem fala, encena, diz, é ouvido pela platéia, reconhecido nas multidões, aplaudido pelas suas interpretações. E o figurante?

Sugiro neste instante uma reflexão. Somos nós artistas ou figurante neste pedaço de terra que ocupamos enquanto vida? Nem sempre a decisão de ser artista ou figurante depende de cada um de nós. Este papel muitas vezes nos é imposto. Cabe a rebeldia ou a aceitação de ser um ou outro. Não ser artista, às vezes, é cômodo. Passar despercebido pode ser uma estratégia para evitar inimigos, dissabores, decepções e violência.

Ah! Violência, sim, a violência. Os artistas apesar de serem competentes suas armas não são sequer suficientes para renderem o mundo. A arma do artista ainda que de grande valor e grande potencial não lhe confere a ousadia de competir com os digladiadores com suas espadas de ouro ou prata que não valem à tinta da tela, a nota da música, a letra do papel, o dom do artista.