A TAL FELICIDADE
A felicidade não tem sabor definido, nem forma específica ou endereço fixo. Essa tal felicidade que tanto se fala por aí é muito variável, pois para cada ser vivente ela é idealizada das mais diferentes formas. Creio que a felicidade é mais ou menos como a linha do horizonte que almejamos encontrar e, quando chegamos lá, ela se foi lá para mais longe de novo. E, assim, vamos seguindo sempre em seu encalço. E vamos rodando, quase sem sair do lugar, como um pião disparado por cordas invisíveis. Em algum momento iniciamos nossa trajetória, sem saber como isso aconteceu ou como irá parar...
Para quem gosta de viajar, a felicidade pode ser um tour pela Europa. Para quem é vaidoso, pode ser uma lipoaspiração ou ter o cabelo liso. Para quem é materialista, pode ser um carro novo. Para quem é família, pode ser uma casa maior. Para quem é espiritualista, pode ser a paz. Dizem que todo ser humano tem o direito de buscar a sua felicidade. Mas a felicidade para si, pode significar a infelicidade para outros?
A felicidade para os gremistas, não seria ter mais vitórias que os colorados e vice-versa? Mas aí, não residiria a infelicidade para o adversário? É possível ser feliz quando isso significou sobrepujar outras pessoas? Creio que não. Mas e que tal é essa tal felicidade? A felicidade essa que experimentamos com as coisas da vida são verdadeiras ou realmente fugazes?
Temos mesmo a obrigação vêemente de procurá-la? Existe para a nossa vida um objetivo maior do que esse? E se a minha felicidade reside em ter na parede minha sala o quadro original da Mona Lisa, isso seria possível? (Excetuando qualquer plano de arquitetar um furto ao museu do Louvre). E diante da impossibilidade de concretizar tal sonho, restaria então resignar-me com a infelicidade ou existiria uma saída, um outro sonho, um outro modo de ser feliz? De que jeito e de que formas?
Não tenho a pretensão de apresentar uma resposta a tantos que seguem na busca de realizar os seus sonhos. Só creio que, se a razão de existirmos fosse o de buscar a nossa felicidade, o sentido da vida seria então, um objetivo individualista.
Talvez, amigos, nossos conceitos estejam há muito tempo equivocados. Acredito que o objetivo maior da vida não é o de uma busca incessante pela felicidade mas, sim, o de aprender.
Quando você cursa uma faculdade, está lá para cumprir um objetivo: o de aprender, diplomar-se, vencer os obstáculos, enfim. E isso só será possível se realmente demonstrar que aprendeu aquilo que lhe foi ensinado durante as aulas. A consagração é, senão, a diplomação.
Assim, penso eu, seja a vida. Assim penso, pelo menos, que seja a minha vida. Tenho a convicção de que não estou aqui para ser feliz, pura e simplesmente. Isso pode ser, sim, uma consequência do aprendizado que vivenciarei. Mas não é o objetivo principal, a razão de existir. Porque se a vida se resumisse a isso, que fôssemos condenados a ser felizes, não seria praticamente impossível fugir desse destino?
Aprender é preciso. E a felicidade é uma possibilidade.