A teus pés

Fala-se muito das mãos. As Mãos de Eurídice. Mas, e os pés?...

São eles que nos sustentam, sofrem com nosso peso, nos tiram do buraco.

Que nos conduzem por caminhos da vida, nos levam pra lá e pra cá.

Não nos deixam pisar em falso, nos fazem parar e olhar estrelas, correr do perigo e dançar até.

Com um deles fincado no lodo, vivemos angustiados. Já os dois no chão, equilibrados.

Molhados pelo mar, nos sentimos renovados. Aninhados em almofadas, relaxados.

Com um pé só pulamos amarelinha, com os dois juntos, chegamos ao céu.

Com o direito iniciando o passo, Ano Novo esperançado.

Mesmo doloridos, após longas caminhadas, não nos deixam na mão. Agüentam em pé.

São os últimos a ir para a cama e os primeiros a tocar o chão no despertar.

Nunca param de trabalhar.

(out/07)