COM UM PÉ NA CAVERNA

Da extensa malha tricotada de uma vida sempre restam os nós no avesso, marcas de rompimentos do fio, acidentes na linha em movimento. Carimbos na pele sensível, ferro em brasa no peito resultando do emaranhado de vivências com o outro, desde que foi dada a largada nesta maratona funesta. Entretanto, como seguir ilesos, estando enclausurados num sistema que intenta enfiar uma camisa de força na nossa natureza, atar a coleira bem firme ao pescoço? E ao pé da letra, fora das metáforas, somos mesmo é simples bichos com um detalhe que nos dá aquela luz de vantagem em relação ao macaco mais próximo. Estamos ainda com um pé na caverna, jurando com uma mão sobre o sagrado livro e matando com a outra. Uns Neandertais com mania de grandeza e servidos por formas de comunicação cada vez mais sofisticadas, conhecemos uma "realidade" sem tocá-la, somos uma multidão de espectadores passivos. Somos escravizados por regras de conduta, verdades incontestáveis, ideologias manipuladoras que agora mais rapidamente podem atingir todos os recantos quando os meios de comunicação têm um decisivo papel de levar a Palavra de Ordem ao mundo. E gostemos ou não, o valor que se impõe sobre todos é o TER. Quem não está dentro, está fora. Quem está fora, está condenado. Uma lógica nada recente, mas que agora tem a seu favor os avanços da tecnologia e quem dita as regras é o mesmo que delas faz serventia. Esta é a lei dos homens, a verdadeira lei que age nos subterrâneos. Os anjos não são deste planeta. Aqui é um salve-se quem puder !

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tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 26/08/2009
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