O guardinha de Jaraguá.
O guardinha de Jaraguá.
Os policiais de trânsito do destacamento de Jaraguá foram escalados para realizar uma fiscalização de rotina na documentação dos veículos e seus condutores, na tarde de sexta-feira.
Na parte final de uma avenida importante da cidade, instalaram a barreira e, começaram o trabalho.
Não demorou muito e, começaram a encontrar veículos e condutores com todo tipo de irregularidade. No meio dos condutores, um que parecia um menino, logo chamou à atenção de um dos agentes de trânsito.
Na abordagem, o tal agente solicitou os documentos do veículo e a carteira de habilitação do condutor. O garoto entregou a documentação da nova e possante camionete, mas confessou que não tinha habilitação para dirigir.
O agente de trânsito, então, avisou ao menino que lavraria um auto de infração em razão da ausência da CNH, conforme a previsão do Art. 162, I, do Código de Trânsito Brasileiro, pedindo em seguida ao garoto que lhe fornecesse a carteira de identidade, para tanto. O garoto entregou o documento e, tentou argumentar em torno da utilização num caso de urgência e tal, mas o policial não lhe deu trela, lavrando o auto de infração, que o garoto assinou depois de muito protesto.
Diante da situação, o garoto foi obrigado a chamar um amigo habilitado, para retirar o carro do lugar e, levá-lo para casa. Na barreira, ficou o agente de trânsito, fulo com sua reação desproporcional à autuação, que, para ele, era mera e devida rotina.
Em casa estava seu pai, que estranhou logo ver o seu carrão na mão de um desconhecido. Depois de dar uma dura no filho, ficou sabendo da história.
Mas, o cara era daqueles, que superprotegia o filho e, tomou o auto de infração de trânsito como uma ofensa de quem ele já classificava de "guardinha despreparado".
Não teve dúvidas, pôs o auto de infração no bolso e foi ao encontro do agente de trânsito.
Não o achando no local da barreira, foi ao destacamento da polícia militar, onde encontrou o policial nas suas rotinas. Aí, ainda no estado de flagrância da autuação realizada, entrou de salto alto na sala, exigindo satisfações, diante da alegação de autoritarismo e falta de respeito com o filho de um homem conceituado na cidade - isto tudo em voz bem alta e alterada, no meio de uma roda de policiais que se formou ao redor dos dois.
O "guardinha", entretanto, não demonstrou qualquer alteração de comportamento ou emoções. Aguardou pacientemente que o sujeito descarregasse o arsenal de provocações desrespeitosas sobre ele. E, quando teve oportunidade, apenas perguntou:
- O Sr. é o pai do fulano, que autuei por direção sem carteira de habilitação?
- Mas, é claro que sou e voce sabe que sim! Porque a pergunta?
- Porque diante das testemunhas da sala vou autuá-lo por permitir a condutor inabilitado que tome posse e dirija o seu veículo em via pública, com base no Art. 164 do CTB.
O sujeito perdeu a fala no meio do grupo de policiais que riam dele.
De repente, despertou com o chamado do policial:
- Aqui está o Auto de Infração. Se quiser assinar, a caneta está aí, na mesa. E o Senhor passe muito bem!
E voltou para as rotinas burocráticas, com a alma lavada...