O SILÊNCIO É A FREQUÊNCIA DA ALMA.
Como é eloqüente o silêncio da natureza, por exemplo, o silêncio das estrelas, das noites, das alvoradas, dos mares, do crescimento das plantas, dos céus e dos horizontes.
Poderia ainda citar mais alguns tipos de silêncio como, por exemplo, o silêncio dos mosteiros, das casas de retiro, dos hospitais e o silêncio de uma catedral, mas o silêncio mais silencioso é o silêncio de mim mesmo, ocasião em que ouço apenas o reclame da minha consciência.
Poderia também achar muito eloqüente e questionador o silêncio da morte
Existe também um silêncio que é eterno.
É o silêncio dos cemitérios onde a unanimidade é absoluta.
O silêncio é um caminho necessário à meditação, quando a pessoa se retira para um local onde haja silêncio, é sinal de que ela está necessitando se editar ou “me editar”.
É o momento da leitura de si mesmo ou uma auto-análise, para avaliar o seu existir ou a sua completude existencial.
Não podemos confundir esse estado anímico com o da contemplação, que normalmente também requer o silêncio.
Ouvir o silêncio não é um paradoxo.
O silêncio tem o seu som característico sim, sabem bem disso os introspectivos, os extáticos, os poetas, os místicos ou aqueles que se submetem a uma introspecção de avaliação de si mesmo e do mundo.
Se não fosse assim, não se exigiria o completo silêncio para o exercício de um retiro espiritual.
O silêncio muitas das vezes fala mais alto do que imaginamos.
Têm pessoas que escutam vozes no silêncio de suas cabeças, talvez seja a voz da consciência; outras dizem que escutam ordens, aqui não sabemos se é uma doença mental ou uma possessão espiritual de baixo nível.
Contudo, existem também essas possessões em níveis superiores, queiramos ou não, existem vários exemplos de extáticos e santos que operavam milagres com a intercessão desses espíritos superiores.
No silêncio, quando anulamos ou apagamos a nossa própria mente, falamos diretamente com Deus, ou melhor, Ele fala conosco.
Pois, a Sua freqüência é a única que se houve, quando a nossa também é ouvida por Ele -- daí resulta ser desnecessária a presença de um intermediário físico (confessor) para perdoar os nossos pecados em nome de Deus.
Deus sempre perdoa os nossos pecados, pois Ele sabe que somos vulneráveis, imperfeitos e estamos e somos escravizados pela matéria e pelo pecado, mas sempre dispostos a nos corrigir.
Nós humanos podemos e devemos nos perdoar uns aos outros, mas com relação aos nossos próprios pecados, somente Deus e mais ninguém tem esse poder de perdoar.
Inclusive, Jesus diz num dos Evangelhos que é para conversarmos com o Pai no silêncio do nosso quarto, isto quer dizer que, só falamos com Deus quando a nossa mente estiver totalmente silenciada ou anulada para as coisas deste mundo.
Aí sim, poderemos facilmente acessar ao Pai que está no mais íntimo de nós mesmos, no inconsciente com o “Imago Dei” conforme Jung ou, no segredo ou secreto conforme disse Jesus.
Quando vires alguém afastado da multidão num lugar ermo e sozinho, não o perturbe, ele está em silêncio e com a mente calada ouvindo apenas a Deus.
Por isso dizemos que, para acessar a Deus, precisamos estar em silêncio e com a mente anulada, pois esse é o momento de se editar ou o que normalmente se diz “meditar” ou “me editar”.
É nesse momento que Deus nos ajuda a fazer a leitura de nós mesmos, e nos indica os caminhos que deverão ser tomados. Nesse momento Ele também diz: “Teus pecados sãos perdoados, vai e não peques mais”.
Deus quando fez o homem teve muitos cuidados ao projetá-lo, por exemplo, deu-lhe dois olhos, dois ouvidos e uma boca.
Dois olhos para que o homem visse com mais profundidade.
Dois ouvidos para que o homem escutasse mais.
E uma boca para que falasse menos.
O silêncio também pode ser reconhecido como uma virtude, que evita polêmicas desnecessárias e brigas perigosas.
Façamos, então, como sempre dizia o famoso Rui Barbosa: “Diante de tanta ignorância, eu respondo com o meu silêncio”.
Entretanto, diante da intolerância, do racismo, da corrupção e dos fundamentalismos, devemos ficar em silêncio?
Nessas situações, o bom senso entende que o dever do intelectual é romper o silêncio, ainda que a sua voz seja abafada pelos poderosos e seus cúmplices de plantão.
O grande cúmplice da tirania é o silêncio; não atacar o despotismo é a maneira mais covarde de servi-lo.
Não denunciá-lo é auxiliá-lo; estar próximo dele sem feri-lo é a maneira mais vil de protegê-lo; e proteger o crime é mil vezes pior que cometê-lo.
Eis a hora em que a palavra é um dever e o silêncio é um crime.
Os homens sensatos deveriam desconfiar de todos os discursos, sobretudo os que produzem entorpecimento da razão crítica dos ouvintes.
Como estamos tratando do silêncio, é mister que se faça uma alusão ao grande teólogo o Santo: Tomás de Aquino.
Tomás de Aquino foi chamado de o maior sábio dos santos e o mais santo dos sábios.
Este sábio e santo, fora dos momentos de debates acadêmicos e das conversações atinentes a assuntos sérios, ele era calado e totalmente reservado.
Além disso, não apreciava perder tempo com conversas inúteis, por isso um de seus colegas o chamou de “o boi mudo”.
Alberto Magno, mestre de Tomás, um dia, lendo um dos apontamentos desse seu pupilo disse o seguinte, e que se transformaria numa profecia: “Chamais Tomás de “o boi mudo”, pois eu vos asseguro que os seus mugidos ouvir-se-ão por toda a terra”.
Como estamos falando de São Tomás de Aquino, é bom lembrar o que ele sempre dizia: “Eu temo o homem que conhece apenas um livro”. (Timeo hominem unius libri).
Eis aqui três aforismos com certa profundidade a respeito do silêncio:
1- Dentre todas as manifestações humanas, o silêncio continua sendo o que, de maneira muito pura, melhor exprime a estrutura densa e compacta, sem ruído nem palavras, de nosso inconsciente. (J. D. Nasio).
2- O analista não tem medo do silêncio, ele não escuta somente o que está nas palavras, escuta também o que as palavras não dizem. Escuta com a “terceira orelha”... (T. Reik).
3- Na Finlândia, se você está feliz, deve estar em silêncio para ouvir os próprios pensamentos (?).
Como não tenho mais nada para escrever sobre o silêncio, eu vou encerrar esta crônica por aqui mesmo e, se me for possível, eu mesmo entrarei em silêncio, porque há em nós uma voz divina que só se manifesta quando as outras se calam, e é só no silêncio e na reflexão que nos revela a sua mensagem.
Como é eloqüente o silêncio da natureza, por exemplo, o silêncio das estrelas, das noites, das alvoradas, dos mares, do crescimento das plantas, dos céus e dos horizontes.
Poderia ainda citar mais alguns tipos de silêncio como, por exemplo, o silêncio dos mosteiros, das casas de retiro, dos hospitais e o silêncio de uma catedral, mas o silêncio mais silencioso é o silêncio de mim mesmo, ocasião em que ouço apenas o reclame da minha consciência.
Poderia também achar muito eloqüente e questionador o silêncio da morte
Existe também um silêncio que é eterno.
É o silêncio dos cemitérios onde a unanimidade é absoluta.
O silêncio é um caminho necessário à meditação, quando a pessoa se retira para um local onde haja silêncio, é sinal de que ela está necessitando se editar ou “me editar”.
É o momento da leitura de si mesmo ou uma auto-análise, para avaliar o seu existir ou a sua completude existencial.
Não podemos confundir esse estado anímico com o da contemplação, que normalmente também requer o silêncio.
Ouvir o silêncio não é um paradoxo.
O silêncio tem o seu som característico sim, sabem bem disso os introspectivos, os extáticos, os poetas, os místicos ou aqueles que se submetem a uma introspecção de avaliação de si mesmo e do mundo.
Se não fosse assim, não se exigiria o completo silêncio para o exercício de um retiro espiritual.
O silêncio muitas das vezes fala mais alto do que imaginamos.
Têm pessoas que escutam vozes no silêncio de suas cabeças, talvez seja a voz da consciência; outras dizem que escutam ordens, aqui não sabemos se é uma doença mental ou uma possessão espiritual de baixo nível.
Contudo, existem também essas possessões em níveis superiores, queiramos ou não, existem vários exemplos de extáticos e santos que operavam milagres com a intercessão desses espíritos superiores.
No silêncio, quando anulamos ou apagamos a nossa própria mente, falamos diretamente com Deus, ou melhor, Ele fala conosco.
Pois, a Sua freqüência é a única que se houve, quando a nossa também é ouvida por Ele -- daí resulta ser desnecessária a presença de um intermediário físico (confessor) para perdoar os nossos pecados em nome de Deus.
Deus sempre perdoa os nossos pecados, pois Ele sabe que somos vulneráveis, imperfeitos e estamos e somos escravizados pela matéria e pelo pecado, mas sempre dispostos a nos corrigir.
Nós humanos podemos e devemos nos perdoar uns aos outros, mas com relação aos nossos próprios pecados, somente Deus e mais ninguém tem esse poder de perdoar.
Inclusive, Jesus diz num dos Evangelhos que é para conversarmos com o Pai no silêncio do nosso quarto, isto quer dizer que, só falamos com Deus quando a nossa mente estiver totalmente silenciada ou anulada para as coisas deste mundo.
Aí sim, poderemos facilmente acessar ao Pai que está no mais íntimo de nós mesmos, no inconsciente com o “Imago Dei” conforme Jung ou, no segredo ou secreto conforme disse Jesus.
Quando vires alguém afastado da multidão num lugar ermo e sozinho, não o perturbe, ele está em silêncio e com a mente calada ouvindo apenas a Deus.
Por isso dizemos que, para acessar a Deus, precisamos estar em silêncio e com a mente anulada, pois esse é o momento de se editar ou o que normalmente se diz “meditar” ou “me editar”.
É nesse momento que Deus nos ajuda a fazer a leitura de nós mesmos, e nos indica os caminhos que deverão ser tomados. Nesse momento Ele também diz: “Teus pecados sãos perdoados, vai e não peques mais”.
Deus quando fez o homem teve muitos cuidados ao projetá-lo, por exemplo, deu-lhe dois olhos, dois ouvidos e uma boca.
Dois olhos para que o homem visse com mais profundidade.
Dois ouvidos para que o homem escutasse mais.
E uma boca para que falasse menos.
O silêncio também pode ser reconhecido como uma virtude, que evita polêmicas desnecessárias e brigas perigosas.
Façamos, então, como sempre dizia o famoso Rui Barbosa: “Diante de tanta ignorância, eu respondo com o meu silêncio”.
Entretanto, diante da intolerância, do racismo, da corrupção e dos fundamentalismos, devemos ficar em silêncio?
Nessas situações, o bom senso entende que o dever do intelectual é romper o silêncio, ainda que a sua voz seja abafada pelos poderosos e seus cúmplices de plantão.
O grande cúmplice da tirania é o silêncio; não atacar o despotismo é a maneira mais covarde de servi-lo.
Não denunciá-lo é auxiliá-lo; estar próximo dele sem feri-lo é a maneira mais vil de protegê-lo; e proteger o crime é mil vezes pior que cometê-lo.
Eis a hora em que a palavra é um dever e o silêncio é um crime.
Os homens sensatos deveriam desconfiar de todos os discursos, sobretudo os que produzem entorpecimento da razão crítica dos ouvintes.
Como estamos tratando do silêncio, é mister que se faça uma alusão ao grande teólogo o Santo: Tomás de Aquino.
Tomás de Aquino foi chamado de o maior sábio dos santos e o mais santo dos sábios.
Este sábio e santo, fora dos momentos de debates acadêmicos e das conversações atinentes a assuntos sérios, ele era calado e totalmente reservado.
Além disso, não apreciava perder tempo com conversas inúteis, por isso um de seus colegas o chamou de “o boi mudo”.
Alberto Magno, mestre de Tomás, um dia, lendo um dos apontamentos desse seu pupilo disse o seguinte, e que se transformaria numa profecia: “Chamais Tomás de “o boi mudo”, pois eu vos asseguro que os seus mugidos ouvir-se-ão por toda a terra”.
Como estamos falando de São Tomás de Aquino, é bom lembrar o que ele sempre dizia: “Eu temo o homem que conhece apenas um livro”. (Timeo hominem unius libri).
Eis aqui três aforismos com certa profundidade a respeito do silêncio:
1- Dentre todas as manifestações humanas, o silêncio continua sendo o que, de maneira muito pura, melhor exprime a estrutura densa e compacta, sem ruído nem palavras, de nosso inconsciente. (J. D. Nasio).
2- O analista não tem medo do silêncio, ele não escuta somente o que está nas palavras, escuta também o que as palavras não dizem. Escuta com a “terceira orelha”... (T. Reik).
3- Na Finlândia, se você está feliz, deve estar em silêncio para ouvir os próprios pensamentos (?).
Como não tenho mais nada para escrever sobre o silêncio, eu vou encerrar esta crônica por aqui mesmo e, se me for possível, eu mesmo entrarei em silêncio, porque há em nós uma voz divina que só se manifesta quando as outras se calam, e é só no silêncio e na reflexão que nos revela a sua mensagem.