UMA CONVERSA ENTRE CERTAS MULHERES
- Aquela mulher? Tonta demais! O marido a trai com todas e ela parece viver em outro mundo, como se não percebesse nada!
- O que não falta nesse mundo são mulheres tontas e maridos nada tolos!
- Nem me fale! Pra mim é pura conveniência. Você acha que ela vai sair daquela vida de princesinha? Ela faz cara de tonta, mas tontas, mesmo, somos nós por achá-la tonta!
E você, aí, o que acha?
Este breve diálogo poderia ser real?
Criado descaradamente?
Hum... E que tal um pouco inspirado na realidade e com uma generosa pitada de imaginação?
E haveria a possibilidade de ser quase inteiramente pura imaginação e apenas um discreto traço da realidade?
A vida é um mosaico de espelhos. Vejo o que desejo enxergar refletido. O que é tolice para um, pode significar esperteza para outro. O que é covardia para aquele ali, será traduzido como dissimulação acolá. O que é fragilidade em um dicionário, ganha o tom do interesse, talvez, submissão consciente.
Onde estará a verdade? Na generalização? Ou cada caso é uma vida à parte no mundo dos substantivos onde o ser humano é o que pode ser? Os adjetivos em torno das mulheres, neste caso, o que sinalizam, além de uma classificação para alma?
Mulheres traídas e tontas? Quem sabe? Você é que conta? E julga? Passa a história para frente? E quem conta (e aponta) as mulheres tontas aumenta um conto? Ou seria o contrário?
Ih! Serei uma escritora tonta? Ninguém merece tanta tolice! Nem uma tonta!